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V. Infalibilidade do
Papa
Frei Damião de Bozzano
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Primeiro
que tudo é preciso explicar o verdadeiro sentido da palavra infalibilidade:
pois muitos há que, por ignorância ou por malícia, a desfiguram. Infalibilidade
não é o mesmo que impecabilidade, porquanto infalibilidade significa
impossibilidade de errar; impecabilidade ao contrário, impossibilidade de
pecar. O Papa é infalível, mas não é impecável, e por isso mesmo ele também,
como todos os fiéis, se confessa dos seus pecados.
A Infalibilidade pode ser absoluta e relativa. É absoluta, quando alguém não
pode errar em qualquer gênero de verdades; é relativa, quando alguém não pode
errar com relação a certas verdades. A primeira é própria de Deus; ao Papa
compete a segunda.
E quais são as verdades acerca das quais ele não pode errar? São as verdades de
fé e de costumes, isto é, as verdades que pertencem ao depósito da revelação. E
note-se bem que, mesmo com relação a estas verdades, não é infalível senão
quando, desempenhando o cargo de Pastor e Doutor de todos cristãos declara
expressa e peremptoriamente que devem ser cridas pela Igreja universal.
Isto suposto, digo que o Papa é infalível.
Eis as provas: A primeira nos é oferecida pela Divina Escritura. Já vimos em
outros capítulos que o poder e as prerrogativas de São Pedro são __ o poder e
as prerrogativas do Pontífice Romano, seu legítimo sucessor. Pois bem:
A Igreja é fundada sobre Pedro, isto é, sobre o Papa, de modo que a sua firmeza
depende da firmeza do Papa. (Mt 16, 18 ).
Ora, se o Papa pudesse torna-se mestre de erro, impondo a toda cristandade uma
doutrina falsa, bem longe de dar firmeza à Igreja, arruiná-la-ia. Portanto
nunca pode se tornar mestre de erro, que é o mesmo que dizer será sempre
infalível.
Além disso, Jesus Cristo diz que as portas do inferno jamais prevalecerão
contra a sua Igreja, porque é fundada sobre Pedro, sobre o Papa, portanto a
contínua vitoria da Igreja depende da vitória do Papa.
Ora, se o Papa pudesse ensinar o erro, em vez de dar a vitória à Igreja
arrastá-la-ia à derrota. Logo é impossível que ensine o erro.
Jesus dá ao Papa as chaves da Igreja e afirma que Ele ratificará no céu o que o
Papa tiver julgado na terra.
Ora, poderá Jesus ratificar o erro, a mentira, a falsidade? Não. Portanto o
ensinamento, a sentença do Papa deve ser isento de erro.
Não basta, Jesus confere ao Papa o ofício de pastorear e reger toda a sua
Igreja, todos os cordeiros e todas as ovelhas do seu redil; e por isso mesmo
obriga toda a sua Igreja, cordeiros e ovelhas a lhe obedecer e receber a sua
palavra e as suas leis.
Ora, suponhamos que o Papa pudesse arrastar ao erro o redil de Jesus Cristo:
que aconteceria? Aconteceria que toda a igreja posta na absurda alternativa de
desobedecer ao Papa contra a vontade expressa de Jesus ou de seguir ao Papa,
mesmo no erro. O que é impossível de se conceber. Cumpre, pois, admitir que o
Papa é infalível.
__ Queremos uma passagem ainda mais explícita? Abramos o Evangelho de S. Lc.
22, 31-32. "Simão, Simão, diz Jesus a Pedro, satanás vos pediu com
instância para vos joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que não
desfaleça a tua fé, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos.
Do texto resulta que a fé em Pedro será sempre pura, verdadeira, luminosa; pois
Jesus lhe diz que rogou por ele, afim de que não desfalecesse na sua fé e é
impossível que a oração de Jesus não seja atendida pelo Pai Celestial.
Resulta também que esta promessa é feita a Pedro como chefe da Igreja e não
como Pessoa privada, pois Jesus rogou que não viesse falhar a fé, afim de que
ele, por sua vez, a confirmasse nos seus irmãos. É como se tivesse dito:
"satanás vos pediu com instância para vos joeirar como o trigo, e eu, para
defender-vos poderia orar por todos; para todos poderia pedir essa firmeza inconcussa;
mas não é preciso: orei por ti e a ti imponho o dever de confirmar e iluminar
os teus irmãos.
Portanto, não somente a fé do apóstolo Pedro será sempre luminosa, pura,
verdadeira, mas também a de quem lhe sucede no ministério de governar a Igreja;
a do Papa. E por conseguinte, o Papa é infalível.
A este testemunho das Divinas Escrituras faz eco o da cristandade de todos os
tempos e de todos os lugares. Não é verdade, como dizem os nossos adversários,
que este dogma fosse desconhecido antes do século passado, em que Pio IX o
definiu solenemente. Na Igreja sempre se reconheceu a infalibilidade do Papa.
Eis alguns testemunhos que no-lo demonstramos claramente: Sto. Irineu,
discípulo de São Policarpo e de outros anciãos da igreja apostólica, refutando
os hereges do seu tempo, diz: "Com a Igreja romana, por sua primazia,
devem concordar na fé todas as Igrejas, isto é, os fiéis de todo o
mundo..." (Adv. Haer. Liv. III).
Mas, se Roma pudesse errar, como ele afirmar esse dever?
Portanto, segundo Sto. Irineu, Roma, a saber. O Papa não pode errar.
S. Cipriano atesta a mesma verdade:
"Atrevem-se, diz ele falando de certos hereges, atrevem-se a dirigir-se à
Cátedra de Pedro, a essa Igreja principal, onde se origina o sacerdócio,
esquecidos de que os romanos não podem errar na fé”. (Epist. 69, 19).
S. Jerônimo escreve ao Papa São Dámaso: "Julguei meu dever consultar a
Cátedra de Pedro. Só vós conservais a herança de nossos pais..."
“Quem não colhe convosco, desperdiça... Decidi e não hesitarei em afirmar três
hipóteses". Porque ele se declara pronto a aceitar qualquer decisão do
Papa, mesmo quando, por impossível, propusesse um absurdo? Justamente porque
sabe que o Papa é infalível, não pode errar em matéria de fé e de costumes.
Ainda mais claro é o testemunho de Sto. Agostinho. Os Concílios de Milévio e de
Cartago dirigiram-se ao Papa, afim de que condenasse Pelágio, que, com suas
doutrinas, semeava a discórdia na Igreja.
Apenas respondeu o Papa, Sto. Agostinho anunciou aos fiéis a sentença nestes
termos: "sobre esta causa foram enviados dos Concílios à Sé Apostólica.
Chegou-nos a resposta; esta terminada a causa. Oxalá acabe também o erro”.
Roma, isto é, o Papa falou a a causa esta terminada, toda a dúvida cessa. Por
que?
Porque o Papa é infalível, não pode errar.
No século V S. Leão Magno escreveu ao Concilio de Calcedônia que sua doutrina
acerca do mistério da Encarnação não admitia discussão alguma e que só se
tratava de crer.
E os Bispos presentes no concílio, que eram número de 600, prorromperam numa
exclamação unânime: "Assim o cremos. Os ortodoxos assim o creem; anátema a
quem não crê. Pedro falou pelos lábios de Leão, Pedro vive sempre na sua sede”.
(Ep. 93, 2).
Por que todos se submeteram sem hesitação alguma? Sempre pela mesma razão:
Porque reconheciam no Papa a Infalibilidade.
Por todos os testemunhos e outros ainda, que facilmente poderíamos alegar,
resulta que a infalibilidade Papal sempre foi reconhecida pela Igreja.
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Fonte
Fonte
Livro(PDF):
Frei Damião - Em Defesa da Fé <http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/04/o-peregrino-de-deus.html>
Para
citar
BOZZANO,
Frei Damião. Em Defesa da Fé: V. Infalibilidade do Papa. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-de-bozzano-v-infalibilidade-do-papa.html>
Desde 25/04/2016.
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