segunda-feira, 25 de abril de 2016

Frei Damião de Bozzano: V. Infalibilidade do Papa


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V. Infalibilidade do Papa   
Frei Damião de Bozzano
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O PAPA será sempre o chefe visível da Igreja de Cristo, por ser o sucessor de Pedro na sede de Roma e no primado. Várias são as suas prerrogativas. Minha intenção é falar de sua infalibilidade, afim de que os meus leitores possam ter da mesma um justo conceito e acautelar-se contra as calunias dos inimigos da nossa fé.

Primeiro que tudo é preciso explicar o verdadeiro sentido da palavra infalibilidade: pois muitos há que, por ignorância ou por malícia, a desfiguram. Infalibilidade não é o mesmo que impecabilidade, porquanto infalibilidade significa impossibilidade de errar; impecabilidade ao contrário, impossibilidade de pecar. O Papa é infalível, mas não é impecável, e por isso mesmo ele também, como todos os fiéis, se confessa dos seus pecados. 

A Infalibilidade pode ser absoluta e relativa. É absoluta, quando alguém não pode errar em qualquer gênero de verdades; é relativa, quando alguém não pode errar com relação a certas verdades. A primeira é própria de Deus; ao Papa compete a segunda. 

E quais são as verdades acerca das quais ele não pode errar? São as verdades de fé e de costumes, isto é, as verdades que pertencem ao depósito da revelação. E note-se bem que, mesmo com relação a estas verdades, não é infalível senão quando, desempenhando o cargo de Pastor e Doutor de todos cristãos declara expressa e peremptoriamente que devem ser cridas pela Igreja universal.

Isto suposto, digo que o Papa é infalível. 

Eis as provas: A primeira nos é oferecida pela Divina Escritura. Já vimos em outros capítulos que o poder e as prerrogativas de São Pedro são __ o poder e as prerrogativas do Pontífice Romano, seu legítimo sucessor. Pois bem: 

A Igreja é fundada sobre Pedro, isto é, sobre o Papa, de modo que a sua firmeza depende da firmeza do Papa. (Mt 16, 18 ). 

Ora, se o Papa pudesse torna-se mestre de erro, impondo a toda cristandade uma doutrina falsa, bem longe de dar firmeza à Igreja, arruiná-la-ia. Portanto nunca pode se tornar mestre de erro, que é o mesmo que dizer será sempre infalível. 

Além disso, Jesus Cristo diz que as portas do inferno jamais prevalecerão contra a sua Igreja, porque é fundada sobre Pedro, sobre o Papa, portanto a contínua vitoria da Igreja depende da vitória do Papa. 

Ora, se o Papa pudesse ensinar o erro, em vez de dar a vitória à Igreja arrastá-la-ia à derrota. Logo é impossível que ensine o erro. 

Jesus dá ao Papa as chaves da Igreja e afirma que Ele ratificará no céu o que o Papa tiver julgado na terra. 

Ora, poderá Jesus ratificar o erro, a mentira, a falsidade? Não. Portanto o ensinamento, a sentença do Papa deve ser isento de erro. 

Não basta, Jesus confere ao Papa o ofício de pastorear e reger toda a sua Igreja, todos os cordeiros e todas as ovelhas do seu redil; e por isso mesmo obriga toda a sua Igreja, cordeiros e ovelhas a lhe obedecer e receber a sua palavra e as suas leis. 

Ora, suponhamos que o Papa pudesse arrastar ao erro o redil de Jesus Cristo: que aconteceria? Aconteceria que toda a igreja posta na absurda alternativa de desobedecer ao Papa contra a vontade expressa de Jesus ou de seguir ao Papa, mesmo no erro. O que é impossível de se conceber. Cumpre, pois, admitir que o Papa é infalível. 

__ Queremos uma passagem ainda mais explícita? Abramos o Evangelho de S. Lc. 22, 31-32. "Simão, Simão, diz Jesus a Pedro, satanás vos pediu com instância para vos joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que não desfaleça a tua fé, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos. 

Do texto resulta que a fé em Pedro será sempre pura, verdadeira, luminosa; pois Jesus lhe diz que rogou por ele, afim de que não desfalecesse na sua fé e é impossível que a oração de Jesus não seja atendida pelo Pai Celestial. 

Resulta também que esta promessa é feita a Pedro como chefe da Igreja e não como Pessoa privada, pois Jesus rogou que não viesse falhar a fé, afim de que ele, por sua vez, a confirmasse nos seus irmãos. É como se tivesse dito: "satanás vos pediu com instância para vos joeirar como o trigo, e eu, para defender-vos poderia orar por todos; para todos poderia pedir essa firmeza inconcussa; mas não é preciso: orei por ti e a ti imponho o dever de confirmar e iluminar os teus irmãos. 

Portanto, não somente a fé do apóstolo Pedro será sempre luminosa, pura, verdadeira, mas também a de quem lhe sucede no ministério de governar a Igreja; a do Papa. E por conseguinte, o Papa é infalível. 

A este testemunho das Divinas Escrituras faz eco o da cristandade de todos os tempos e de todos os lugares. Não é verdade, como dizem os nossos adversários, que este dogma fosse desconhecido antes do século passado, em que Pio IX o definiu solenemente. Na Igreja sempre se reconheceu a infalibilidade do Papa. 

Eis alguns testemunhos que no-lo demonstramos claramente: Sto. Irineu, discípulo de São Policarpo e de outros anciãos da igreja apostólica, refutando os hereges do seu tempo, diz: "Com a Igreja romana, por sua primazia, devem concordar na fé todas as Igrejas, isto é, os fiéis de todo o mundo..." (Adv. Haer. Liv. III). 

Mas, se Roma pudesse errar, como ele afirmar esse dever? 

Portanto, segundo Sto. Irineu, Roma, a saber. O Papa não pode errar. 

S. Cipriano atesta a mesma verdade: 

"Atrevem-se, diz ele falando de certos hereges, atrevem-se a dirigir-se à Cátedra de Pedro, a essa Igreja principal, onde se origina o sacerdócio, esquecidos de que os romanos não podem errar na fé”. (Epist. 69, 19). 

S. Jerônimo escreve ao Papa São Dámaso: "Julguei meu dever consultar a Cátedra de Pedro. Só vós conservais a herança de nossos pais..." 

“Quem não colhe convosco, desperdiça... Decidi e não hesitarei em afirmar três hipóteses". Porque ele se declara pronto a aceitar qualquer decisão do Papa, mesmo quando, por impossível, propusesse um absurdo? Justamente porque sabe que o Papa é infalível, não pode errar em matéria de fé e de costumes. 

Ainda mais claro é o testemunho de Sto. Agostinho. Os Concílios de Milévio e de Cartago dirigiram-se ao Papa, afim de que condenasse Pelágio, que, com suas doutrinas, semeava a discórdia na Igreja.

Apenas respondeu o Papa, Sto. Agostinho anunciou aos fiéis a sentença nestes termos: "sobre esta causa foram enviados dos Concílios à Sé Apostólica. Chegou-nos a resposta; esta terminada a causa. Oxalá acabe também o erro”. 

Roma, isto é, o Papa falou a a causa esta terminada, toda a dúvida cessa. Por que? 

Porque o Papa é infalível, não pode errar. 

No século V S. Leão Magno escreveu ao Concilio de Calcedônia que sua doutrina acerca do mistério da Encarnação não admitia discussão alguma e que só se tratava de crer. 

E os Bispos presentes no concílio, que eram número de 600, prorromperam numa exclamação unânime: "Assim o cremos. Os ortodoxos assim o creem; anátema a quem não crê. Pedro falou pelos lábios de Leão, Pedro vive sempre na sua sede”. (Ep. 93, 2). 

Por que todos se submeteram sem hesitação alguma? Sempre pela mesma razão: 

Porque reconheciam no Papa a Infalibilidade. 

Por todos os testemunhos e outros ainda, que facilmente poderíamos alegar, resulta que a infalibilidade Papal sempre foi reconhecida pela Igreja.
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Fonte

Para citar
BOZZANO, Frei Damião. Em Defesa da Fé: V. Infalibilidade do Papa. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-de-bozzano-v-infalibilidade-do-papa.html> Desde 25/04/2016.

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