Muitos fiéis se alegram em ouvir falar da
misericórdia divina e esperam que a radicalidade do Evangelho possa ser
mitigada também em favor de quem fez a escolha de viver em ruptura com o
amor crucificado de Jesus. Pensam que por causa da infinita bondade do
Senhor tudo é possível, mesmo decidindo não mudar nada em suas vidas.
Para muitos, é normal que Deus verta sobre eles sua misericórdia
enquanto habitam no pecado. Não entendem que a luz e as trevas não podem coexistir,
apesar dos múltiplos apelos de São Paulo: “Que diremos então? Que
devemos continuar pecando para que abunde a graça? Certamente não!” […]
Esta confusão exige respostas rápidas. A Igreja não pode seguir em
frente como se a realidade não existisse: não pode contentar-se com
entusiasmos efêmeros que duram o espaço de grandes encontros ou de
assembleias litúrgicas, por mais belas e ricas que sejam. Não podemos evitar por mais tempo uma reflexão prática sobre o subjetivismo como raiz da maior parte dos erros atuais.
De que serve saber que a conta do Twitter do Papa é seguida por
centenas de milhares de pessoas se os homens não mudam suas vidas de maneira concreta?
De que serve conformar-se com as assombrosas cifras das multidões que
se rendem e se convertem ante os Papas se não temos garantias de que
estas conversões são reais e profundas? […]
Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
(Robert Sarah avec Nicolas Diat, “Dieu ou rien. Entretien sur la foi”. Paris: Fayard, 2015)
Fonte: Misericórdia.org
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