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“Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o
tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos.
Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja
Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A
Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo,
como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda
de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”. [Woods, 2005, pg. 7]
Um dos pontos mais importantes da atuação da Igreja na Idade média
cristã, foi no campo da Ciência. Sem a Igreja não haveria a beleza da
arquitetura, da música, da arte sacra, das universidades, dos castelos,
do direito, da economia, etc.
No séc. VI São
Cesário de Arles já expunha no Concílio de Vaison (529) a necessidade
imperiosa de criar escolas no campo; e os bispos se dedicaram a isto. Da
mesma forma foi a Igreja que montou para Carlos Magno (†814) a sua
política escolar; e retomou a tarefa educadora no séc. X após o fim do
seu Império.
O III Concílio de Latrão (1179), em Roma, presidido
pelo Papa Alexandre III (1159-1181), ordenou ao clero que abrisse
escolas por toda a parte para as crianças, gratuitamente. Obrigou a
todas as dioceses terem ao menos uma. Essas escolas foram as sementes
das Universidades que logo surgiam: Sorbone (Paris), Bolonha (Itália),
Canterbury (Inglaterra), Toledo e Salamanca (Espanha), Salerno, La
Sapienza, Raviera na Itália; Coimbra em Portugal.
No séc. XII
havia só na França 70 abadias com escolas. Todos os grandes bispos
também quiseram ter escolas; na França, no séc. XII havia mais de 50
escolas episcopais. Dos sete aos vinte anos as crianças e os jovens eram
recebidos nessas escolas sem distinção de classes. Havia escolas só
para meninas e moças. As disciplinas dividiam-se em “trivium”
(gramática, dialética e retórica) e “quadrivium” (artimética, geometria,
astronomia e música). Mas um grande pedagogo da época Thierry de
Chartres, mostrou que o “trivium e o quadrivium” eram apenas um meio e
que o fim era “formar almas na verdade e na sabedoria”.
Em muitas
escolas os alunos tinham ensino técnico de como trabalhar o ouro, prata
e cobre. Aos poucos surgiam as especializações: Chartres (letras),
Paris (teologia), Bolonha (direito), Salerno e Montpellier (medicina).
O Concílio geral de Latrão III, aprovou o seguinte cânon:
“A Igreja de Deus, qual mãe piedosa, tem o dever de velar pelos pobres
aos quais pela indigência dos pais faltam os meios suficientes para
poderem facilmente estudar e progredir nas letras e nas ciências.
Ordenamos, portanto, que em todas as igrejas catedrais se proveja um
benefício (rendimento) conveniente a um mestre, encarregado de ensinar
gratuitamente aos clérigos dessa igreja e a todos os alunos pobres”
(can. 18, Mansi XXII 227s).
O IV Concílio ecumênico do Latrão
(1215), renovou este decreto. Teodulfo, bispo de Orléans no séc. VIII,
promulgou o seguinte decreto: “Os sacerdotes mantenham escolas nas
aldeias, nos campos; se qualquer dos fiéis lhes quiser confiar os seus
filhos para aprender as letras não os deixem de receber e instruir, mas
ensinem-lhes com perfeita caridade. Nem por isto exijam salário ou
recebam recompensa alguma a não ser por exceção, quando os pais
voluntariamente a quiserem oferecer por afeto ou reconhecimento”
(Sirmond, Concilia Galliae II 215).
É muito significativo um dos
últimos depoimentos sobre a acusação de que a Igreja obstruiu a ciência
na Idade Média, proferido em 1957 por um grupo de estudiosos que, sem
intenção confessional alguma, escreveram a história da ciência antiga e
medieval:
“Parece-nos impossível aceitar a
dupla acusação de estagnação e esterilidade levantada contra a Idade
Média latina. Por certo a herança (cultural) antiga não foi totalmente
conhecida nem sempre judiciosamente explorada;… mas não é menos verdade
que de um século para outro – mesmo de uma geração a outra dentro do
mesmo grupo – há evolução e geralmente progresso. A Igreja… na Idade
Média salvou e estimulou muito mais do que freou ou desviou. Por isto,
embora só queira apelar para a Antigüidade, a Renascença é realmente a
filha ingrata da Idade Média” (La science antique et médiévale, sous la
direction de René Taton, Presses Universitaires de France. Paris 1957,
581s).
Esses poucos dados mostram o quanto a Igreja fez pelo
ensino e pelo saber na Idade Média, bem ao contrário do que muitos
pensam: que a Igreja foi contra a ciência e o ensino.
Para citar este artigo
AQUINO, Prof. Felipe. A Igreja e o ensino na Idade Média. Disponível em <http://cleofas.com.br/a-igreja-e-o-ensino-na-idade-media/> Desde 6 de Junho de 2016
Para citar este artigo
AQUINO, Prof. Felipe. A Igreja e o ensino na Idade Média. Disponível em <http://cleofas.com.br/a-igreja-e-o-ensino-na-idade-media/> Desde 6 de Junho de 2016
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