domingo, 17 de julho de 2016

Cardeal Francis Arinze - Perguntas e respostas sobre: Dança litúrgica e música secular.

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Perguntas e respostas sobre: Dança litúrgica e música secular.
Cardeal Francis Arinze, Prefeito Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
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Jornalista: Há algum momento durante a Missa onde a dança é permitida? E também o que dizer sobre a música secular?

Card. Francis Arinze: A dança é algo estranho ao rito latino da Missa. Nossa Congregação considerou esse assunto por anos. Não há nenhum documento relevante da Igreja sobre isso. Mas a diretriz que damos através de nossa Congregação é esta: Na Liturgia estrita, quer dizer, na Missa, nos Sacramentos, a Europa e a América não deveriam falar sobre dança litúrgica de jeito algum, porque a dança, como conhecida na Europa e na América do Norte, não é parte do culto. Então, deveriam esquecer isso. E não falar sobre isso de jeito algum.

Mas, é diferente na África e na Ásia. Não que haja uma concessão para eles, mas porque a cultura deles é diferente. Se você entrega a um típico africano os dons para serem trazidos no ofertório, e você entrega a um típico europeu os mesmos dons para serem trazidos, mesmo que eles não vejam um ao outro, o europeu vai se colocar mais rígido e andará até o altar. O africano provavelmente vai se mover para a direita e a esquerda. Não é uma dança. É um movimento gracioso para mostrar alegria e oferta.
Também na Ásia, eles tem movimentos refinados mostrando respeito, adoração, alegria. Na África nem todas as culturas são iguais. Se você está em Ashanti, em Gana, eles tem certos movimentos refinados. Os Bispos de cada País devem prestar atenção nisso, sabendo que o objetivo, as razões para a Missa, as razões são quatro: adoração, contrição, ação de graças e pedir o que precisamos. Se os movimentos colaboram com isso, sim! Se eles não colaboram, não!

Agora, se você fala de dança na Europa e na América do Norte, as pessoas pensam em sábado à noite. Pista de dança. Um homem, uma mulher. E está tudo bem, como diversão. Mas não vamos à Missa para nos divertimos. Não vamos à Missa para admirar pessoas; e aplaudi-las; e dizer: “De novo! De novo! Maravilhoso! Excelente!” Isto é adequado para um auditório, para um teatro, até para o salão paroquial, presumindo que a dança é aceitável sob um ponto de vista moral. Porque há algumas danças que são erradas em qualquer lugar. Mesmo no salão paroquial e no teatro elas são erradas, porque são provocantes desnecessariamente.

Então... E também na África e na Ásia nem toda dança é aceitável. Algumas danças são completamente inaceitáveis em qualquer evento religioso. Então, isso difere, mas no que diz respeito à América do Norte ou à Europa, pensamos que a dança não deveria estar presente na liturgia de maneira alguma.

E as pessoas que estão discutindo a dança litúrgica deveriam usar o seu tempo rezando o Rosário. Ou elas deveriam usar o seu tempo lendo um dos documentos do Papa sobre a Sagrada Eucaristia. Nós já temos problemas suficientes. Por que banalizar mais? Por que dessacralizar mais? Já não temos confusão suficiente? Se você quer admirar uma dança, sabe aonde ir. Mas não na Missa.

Jornalista: E sobre a dança secular?

Card. Francis Arinze: Ah, sim. Obviamente, toda música tem sua característica própria. Nós vamos à Missa... De novo: Aquelas quatro dimensões. Aquela música significa adoração a Deus? Ou ação de graças a Deus? Ou pedir perdão ao Pai e reparação pelos nossos pecados? Ou pedir a Deus aquilo de que precisamos? Diversão é bem diferente.

Sabe o maestro? Que gesticula e faz movimentos engraçados, muitos deles desnecessários, e então no final ele faz uma reverência e recebe aplausos efusivos. Isto é bom para um teatro, mas não para a Missa. Jovens dançando rock, se divertindo, se divertindo  é bom, para um picnic. Mas não para a Missa. Tudo tem o seu lugar próprio.

Por isso, os Bispos de cada área devem ter uma boa comissão de música, de forma que tenham um livro de cantos contendo hinos católicos, para que somente hinos católicos sejam cantados, porque aquilo que cantamos deve manifestar aquilo e que acreditamos e não obscurecer a nossa fé. E não apenas entretenimento. Deve ser teologicamente profundo, liturgicamente enraizado e musicalmente aceitável.

Infelizmente, muitas coisas cantadas em certas Igrejas Católicas não deveriam aparecer de maneira alguma dentro da Igreja.

Jornalista: Ok, por último mas não menos importante..., como responderia a um Padre que lhe dissesse que as coisas não são piores hoje do que eram na época de Santo Agostinho ou quando os Papas eram corruptos. Isso foi uma resposta que eu recebi quando fiz um comentário sobre relativismo, dizendo que estava preocupada com os danos que está causando em nossos adolescentes hoje em dia.

Card. Francis Arinze: Eu diria ao Padre que falar mentiras é ruim na época de Santo Agostinho e não vejo por que não deveríamos falar mentiras hoje. Pessoas roubando o marido ou a esposa do outro era ruim no tempo de Santo Agostinho, então isso não é nada demais hoje em dia. As pessoas não irem a Missa naquela época era ruim, então não é nada demais não ir a Missa hoje. Do que ele está falando? Então, nós devemos dizer a ele; Jesus disse: Vocês têm de ser perfeitos como seu Pai que está no Céu é perfeito. Então, o Evangelho pregado sem descontos. Nós não nos confortamos dizendo: Havia ladrões antes na Idade Média, então não se preocupe com os ladrões de hoje em dia. Não é um bom argumento.

Transcrição: Thiago A. Borges de Azevedo
Apostolado Amigos Católicos Evangelizadores

Para citar este artigo
ARINZE, Cardeal Francis. Perguntas e respostas sobre: Dança litúrgica e música secular na Missa. Disponível em: <https://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com.br/2016/07/0007.html> Desde 17/07/2016. Tradução: Desconhecido. Transcrição: Thiago A. Borges de Azevedo. Vídeo original: https://youtu.be/YRiLZWvlvY0

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