PARA UM AUTÊNTICO E PRODUTIVO DEBATE ENTRE CATÓLICOS E
PROTESTANTES
Por Prof. Dr. Rafael
Vitola Brodbeck | Fonte: Perfil Oficial no Face
book
Os protestantes jactam-se de serem
cristocêntricos, como se os católicos não o fossem. Nada mais falso. Tudo entre
nós está centrado em Cristo. A Igreja, sem a qual não há salvação, como
dizemos, é de Cristo, e Ele é a sua cabeça. O Papa ao qual estamos sujeitos e
que dirige toda a Igreja, é de Cristo o Vigário. Os sacramentos que nos dão a
graça fluem do coração de Cristo na Cruz. Todas as nossas orações iniciam-se
com o sinal da cruz que menciona o Cristo. Aliás, as orações dirigidas ao Pai
são terminadas em nome de Cristo, isso quando não dirigidas ao próprio Cristo
(ou, quando dirigidas ao Espírito Santo, mencionam o Cristo). Até mesmo o culto
dos santos e da Virgem Maria só tem razão de ser em Cristo, e a intercessão que
cremos que eles podem realizar é exercida junto a Cristo. Ao nome de Cristo
baixamos a cabeça em nossas orações, principalmente nas litúrgicas, e os hinos
e cânticos são majoritariamente centrados em Cristo. A Tradição Apostólica, que
veneramos ao lado da Bíblia, só existe porque é ensino transmitido aos
Apóstolos e por eles aos Bispos primeiramente por Cristo.
Os protestantes jactam-se de lerem a Bíblia a
todo instante, como se católicos não o fizessem. Nada mais falso. Na Missa,
temos, nos Domingos e Solenidades, três leituras, uma do Antigo Testamento,
outra do Novo Testamento e mais o Evangelho, além do salmo responsorial, tudo
da Bíblia. Nos dias de semana, temos na Missa duas leituras, sendo uma do
Evangelho, e mais o salmo, também tudo da Bíblia. Fora isso, em todas as
Missas, de Domingo, de Solenidade, de festa, de memória, votiva, ritual, ou de
dia de semana, antífonas de entrada, de ofertório e de comunhão, mais de 90%
delas com textos da Bíblia. As orações Coleta, Sobre as Oferendas e Depois da
Comunhão, além dos Prefácios, tudo isso mudando a cada Missa, são cheios de
citações da Bíblia ou de conteúdo que, com outra linguagem, pode ser encontrado
na Bíblia. E as partes fixas da Missa também possuem rico conteúdo da Bíblia.
Quem vai à Missa todo Domingo tem, em um ano, um panorama de leitura da Bíblia
talvez mais amplo e completo do que o protestante que vai ao culto todos os
dias. Sem contar as celebrações dos sacramentos, cheios de referências e textos
das Bíblia, e a Liturgia das Horas (a cada hora canônica um ofício diferente é
rezado com vários salmos e textos do Antigo e do Novo Testamento, além de
antífonas, tudo ou quase tudo da Bíblia). As ladainhas são recheadas de figuras
e expressões da Bíblia. Os vitrais de nossas igrejas e as decorações de nossos
altares possuem ensinos e histórias da Bíblia. Os hinos e cânticos,
gregorianos, polifônicos e populares sacros (os decentes, de hinários, não a
porcaria pop atual) são em grande parte compostos a partir de textos da Bíblia.
Todos os grandes sermões dos santos e os documentos dos Papas e dos Bispos são
permeados de citações da Bíblia.
Os protestantes jactam-se de acreditarem que
tudo é devido à graça, como se católicos não acreditassem do mesmo modo. Nada
mais falso. Também nós temos tudo mediante a graça e nada fora dela. Os
sacramentos não competem com a graça como se fossem outros meios de salvação,
mas são canais da própria graça, de modo que se somos salvos pelos sacramentos,
o somos porque deles nos vem a graça. A própria liberdade humana é um dom da graça
e nenhum homem pode responder livremente com a sua vontade ao chamado de Deus
se assim não dispuser a graça.
Nossas diferenças, irmãos protestantes, não
são essas, mas baseadas unicamente - e todos os erros e heresias do
protestantismo saem daí - no equivocado conceito de que a Bíblia é a única
fonte de fé e regra de vida, o que importa em dizer que, enquanto ela estava
sendo composta, ou quando não havia ainda certeza de quais livros a ela
pertenciam, não poderia ter havido Igreja cristã, o que sabemos ser falso.
Para um autêntico e produtivo debate entre
católicos e protestantes, importa que o católico conheça a fundo o
protestantismo e suas doutrinas, não se deixando levar por preconceitos. Da
mesma forma, contudo, o protestante deve conhecer a fundo o catolicismo e suas
doutrinas, e não achar que o católico crê no que ele, na verdade, não crê.
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