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O
Sacramento da Eucaristia – VI
Dom Henrique Soares da
Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Veremos, agora, a estrutura da Eucaristia, isto
é, como se organiza, como se desenvolve a Celebração eucarística.
Já vimos, num dos tópicos anteriores, São
Justino descrevendo, no século II, a celebração. Os elementos básicos de então
permanecem ainda hoje. Primeiramente, segundo antiga tradição, a missa
divide-se em duas grandes partes: a Liturgia da Palavra e a Liturgia
Eucarística. Na primeira parte, a Palavra de Deus é proclamada e, na homilia,
interpretada à luz do Cristo Jesus, de modo a iluminar a vida dos cristãos na
sua situação concreta do dia-a-dia. Após a proclamação da Palavra, pelo Credo e
a Oração dos fiéis, respondemos ao Deus que nos falou. Assim termina a primeira
parte da missa, toda ela centrada no ambão (a estante donde se faz as leituras
e a homilia) – é a Mesa da Palavra!
A segunda parte da missa é a mais importante: a
Liturgia Eucarística, cujo centro é o altar, que simboliza o próprio Cristo
Jesus, pedra angular da Igreja. Nesta parte da missa, a Igreja torna presentes
os quatro gestos de Jesus: ele (1) tomou o pão, (2) deu graças, (3) partiu e
(4) distribuiu... e mandou que fizéssemos isso em sua memória. Vejamos como
estes quatro gestos se desenrolam na celebração.
Jesus tomou o pão. Este gesto do Senhor é
tornado presente na apresentação das ofertas ao Altar: pão, vinho e água, que
simbolizam tudo quanto a criação e o nosso trabalho produzem e que, em nome de
toda a criação, unidos ao Filho Jesus, oferecemos ao Pai na força do Espírito
Santo. Neste momento também, segundo antiqüíssima tradição da Igreja, os
membros da Comunidade dão suas esmolas: o que trouxe para os pobres e para a
manutenção da Casa de Deus e despesas da Comunidade paroquial.
Ele deu graças (quer dizer, ele fez
eucaristia = ação de graças). A Igreja torna presente este gesto do Senhor na
grande oração eucarística, que vai do prefácio da missa até a doxologia (o “por
Cristo, com Cristo, em Cristo”). Aí ela recorda (= faz memorial) ao Pai tudo
quanto Cristo fez por nós. O celebrante, em nome de toda a Comunidade eclesial,
pede ao Pai que derrame o Espírito do Cristo ressuscitado sobre o pão e o vinho
para que eles, pelas palavras da consagração, sejam eucaristizados,
transformando-se no corpo e no sangue do Ressuscitado – é a consagração. É
importante observar que a narração da consagração não é feita à comunidade, mas
ao Pai: é a ele que recorda tudo quanto o Senhor Jesus fez para nossa salvação,
é diante dele, Pai de Jesus e nosso Pai, que a Igreja celebra a memória da
morte e ressurreição de Cristo. É como se o celebrante dissesse: “Ó Pai,
recorda-te do teu Filho Jesus. Ele, na noite em que foi entregue...” Em
seguida, ainda na grande Oração eucarística, o celebrante pede pela Igreja,
pelos ministros sagrados e pelo povo de Deus, pelos vivos e mortos, pelo mundo
inteiro... tudo isso ao Pai, por Cristo, com Cristo e em Cristo, na unidade do
Espírito Santo. E a Comunidade responde “Amém!”, deixando claro que a oração do
celebrante foi oração de toda a Igreja. Assim termina a grande Eucaristia (=
ação de graças), o segundo gesto de Jesus.
Aí, vem a preparação para a comunhão, com a
oração do Pai-nosso. Depois, o celebrante faz memória do terceiro gesto de
Cristo: ele partiu o pão. Só aí – e não antes – é que o pão deve ser
fragmentado! Este gesto é muito importante, pois recorda o próprio Jesus: seus
discípulos o reconheceram ao partir o pão.
Realizado tudo isto, fazemos memória do último
dos gestos que o Senhor nos mandou realizar: ele deu aos seus discípulos.
É a comunhão eucarística no corpo e no sangue do Senhor. É o celebrante quem,
em nome de Cristo, distribui a comunhão. Ele pode ser ajudado pelos ministros
ordinários da comunhão (os padres concelebrantes e os diáconos) e pelos
ministros extraordinários (os acólitos instituídos pelo bispo e os outros
ministros da comunhão daquela paróquia).
Pronto! Feito tudo isso em memória do Senhor, o
sacerdote conclui com a oração final. Depois – e somente depois – vêm os avisos
da Comunidade e o povo recebe a bênção e é despedido.
Como podemos ver, a Celebração eucarística é
toda ela bíblica. Com o tempo, mudam os ritos secundários, o modo de celebrar,
mas nunca a essência.
É importante observar ainda que os gestos, as
palavras, os ritos, as vestes, as várias funções, tudo isso tem um significado
e deve ser respeitado e bem preparado. A Eucaristia deve ser celebrada sempre
num clima de respeito, de piedade e reverência. O missal, que traz o rito da
missa, deve ser seguido fielmente. Nem a comunidade nem o padre que preside
podem fazer alterações que desobedeçam as normas litúrgicas da Igreja ou
deturpem o sentido da celebração e a sua estrutura fundamental. A Eucaristia
não é propriedade do celebrante nem da comunidade, mas sim um dom concedido a
toda a Igreja, para que o guarde com amor e fidelidade, respeito e devoção até
que o Senhor venha.
Continuaremos ainda no próximo tópico...
Fonte:
Dom
Henrique Soares da Costa. O Sacramento da Eucaristia – VI. Disponível em <
http://domhenrique.com.br/index.php/sacramentos/eucaristia/179-o-sacramento-da-eucaristia-vi>
Desde 29 de Dezembro de 2008.
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