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IV. Perpetuidade do
primado
Frei Damião de Bozzano
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O
evangelho e a própria razão nos respondem que o recebeu par transmiti-lo.
Eis
as provas:
A
Igreja, segundo o Evangelho, é um edifício, que há de durar até o fim dos
séculos.
Ora,
Pedro é o fundamento de tal edifício.
Logo,
ele também há de durar até o fim dos séculos, visto como um edifício não se
pode conservar de pé sem fundamento. Mas, não sabia Jesus que Pedro não poderia
ficar neste mundo até o fim dos séculos, para ser o fundamento da sua Igreja?
Sem dúvida o sabia. Portanto, Ele falou aqui a Pedro, como a Pessoa que deveria
ter sucessores até o fim dos séculos no ministério de governar a Igreja, afim
de que fosse sempre verdade que Ele, Pedro, é o fundamento da Igreja de
Cristo.
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Nosso Senhor disse ainda a Pedro: "Apascenta os meus cordeiros, apascenta
as minhas ovelhas".(Jo 21, 15) entregando-lhe, desta maneira, todo o seu
rebanho, para que o governasse. Por quanto tempo? Jesus não pôs limitação
alguma. Por isso Pedro deve governar esse rebanho enquanto existir, isto é, até
o fim dos séculos. É preciso, pois que tenha sucessores, afim de que, por meio
deles, possa governar, até o fim dos séculos, o rebanho de Jesus.
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De resto a própria razão nos diz que Pedro recebeu o governo supremo da Igreja,
para transmiti-lo aos seus sucessores.
Com
efeito, toda sociedade exige um chefe que a dirija e governe, tanto é verdade
isto, que, quando num país não há mais quem mande, temos a desordem, a
revolução, a morte. Ora, Jesus Cristo fundou a sua Igreja, como uma grande
sociedade. É possível que não lhe deixasse um chefe supremo que a dirigisse e
governasse? Nesse caso cumpriria dizer que Ele não proveu suficientemente a sua
Igreja. Mas isto não pode ser. É claro, portanto, que Pedro recebeu o governo
supremo da Igreja para transmiti-lo a seus sucessores, que devem durar enquanto
dura a Igreja, isto é, até o fim dos séculos.
Quem
são os sucessores de Pedro?
A
história de todos os tempos do cristianismo nos responde que são os Papas. Isto
é tão evidente que não seria preciso prová-lo. Todavia, se alguém ousasse pô-lo
em dúvida, atenda às provas.
Lendo
a historia da Igreja, dois fatos incontestáveis se deparam aos nossos olhos: O
primeiro é que os Papas, desde o tempo dos Apóstolos, governaram toda a Igreja
de Cristo, apelando para a sua autoridade de sucessores de São Pedro, o segundo
é que toda a Igreja reconheceu este governo e a ele se sujeitou sem um brado de
protesto.
Com
efeito observai:
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30 anos depois da morte de São Pedro, o Papa Clemente escreve aos Coríntios uma
carta, condenando os abusos entre eles existentes e declarando que aquele, que
não lhe obedecesse, pecava gravemente, e os Coríntios não somente aceitaram a
carta, mas por muito tempo a leram em suas reuniões.
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No segundo século nasce no oriente a discussão sobre a celebração da
Páscoa:
Para
alguns a Páscoa era o aniversario da morte de Cristo, para outros, o
aniversario da sua ressurreição. E S. Vítor, Papa, põe termo a discussão,
obrigando todos a seguirem os costumes de Roma, sob pena de serem excomungados.
É verdade que alguns Bispos se queixaram desta medida enérgica usada contra as
Igrejas asiáticas, mas ninguém sonhou em dizer ao Papa: "Usurpas um poder
que não tem sobre toda a Igreja".
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No começo do III século São Calixto condena os Montanistas, que negavam a
Igreja o poder de perdoar certos pecados.
No
mesmo século na Ásia e na África se discute sobre a validade do batismo
conferido pelos hereges, e o Papa Sto. Estevão resolve a controvérsia,
decidindo pelo valor daquele batismo; e a sua definição é aceita por aqueles
que tinham defendido a sentença oposta.
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No Século IV Júlio I decreta que nada se defina nos Concílios orientais sem o
consentimento dos Bispos de Roma. (Sócrates, hist. ecl. 2, 8-15).
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No século V abre-se o Concilio de Éfeso, e Felipe, legado do Papa, assim fala
diante de todos os Bispos reunidos: "... Celestino, sucessor e substituto
legítimo de S. Pedro, nosso santo e bem-aventurado Papa, a este concilio me
envia como seu representante".
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No século VI o Papa Sto. Hormisdas impõe aos Bispos do oriente a subscrição de
uma fórmula de fé. Neste documento se afirma que na Sede romana, em virtude da
promessa do Salvador: Tu és Pedro etc..., sempre se conserva imaculada a fé
católica. E os Bispos, em número de 2.500, a subscrevem. É pois, claro que os
Papas sempre exerceram a sua autoridade suprema em toda a Igreja de Cristo. E
se a Igreja aceitou essa autoridade dos Papas sem oposição alguma, sem dúvida
era porque, pela força invencível da verdade histórica, estava certa de que os
Papas eram os legítimos sucessores de S. Pedro.
Outra
prova no-la oferece os testemunhos dos Padres e doutores da Igreja.
SANTO
INÁCIO, Bispo de Antioquia, contemporâneo dos Apóstolos, na sua Epístola aos
Romanos escreve que a Igreja de Roma "preside a comunhão universal de
todos os fiéis".
STO.
IRINEU, discípulo de São Policarpo e de outros anciãos da idade apostólica,
acrescenta ser necessário para todas as Igrejas se conformarem na fé com a
Igreja Romana em razão de sua primazia de poder. (Adv. 3,3).
SÃO
CIPRIANO chama esta Igreja "cátedra de Pedro, Igreja principal, de onde se
origina o sacerdócio".
STO.
AGOSTINHO em mil lugares atesta claramente a supremacia do Papa e afirma que
"não querer reconhecê-lo como chefe supremo do cristianismo é indicio de
suma impiedade ou de precipitada arrogância". E isto era tão conhecido de
todos que o imperador Justiniano, escrevendo ao Papa João II, disse:
"Tratando-se de negócios eclesiásticos, não quero que se tome deliberação
alguma, sem o conhecimento de Vossa Santidade, que é chefe de todas as Igrejas.
(Código de just. Tit. SSma. Trindade).
Resumamos,
pois, brevemente o que dissemos neste e no capítulo precedente:
Nosso
Senhor fundou a sua Igreja e entregou o seu governo a Pedro e aos seus
sucessores. Ora, os sucessores de Pedro são os Papas.
Logo,
somente a Igreja governada pelo Papa é a verdadeira Igreja de Cristo.
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Autor:
Frei Damião Bozzano, Missionário Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur:
Frei Otávio de Terrinca, ofmcap - 20/08/1953
Editora:
Paulinas - 3 Edição - 1955
Fonte
Livro(PDF):
Frei Damião - Em Defesa da Fé <http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/04/o-peregrino-de-deus.html>
Para
citar
BOZZANO,
Frei Damião. Em Defesa da Fé: IV. Perpetuidade do primado. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-de-bozzano-iv-perpetuidade-do-primado.html>
Disponível desde 25/04/2016.
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