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XVII. Ordem
Frei Damião de Bozzano
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Pergunta-se: a) Foram eles instituídos por Jesus
Cristo? b) O rito pelo qual um cristão entra a fazer parte do sacerdócio,
é um Sacramento?
A estas duas perguntas temos que responder
afirmativamente.
Eis as provas:
a) Jesus Cristo instituiu o sacerdócio
católico.
De fato, desde o começo de sua vida pública
chamou alguns discípulos, entre os quais André, João, Pedro, Felipe, Natanael,
a quem, em seguida, confiou o ofício de santificar os homens. "Vinde após
mim, e vos farei pescadores de homens".(Mt 1,19).
Pouco depois, tendo passado uma noite inteira em
oração, chamou os discípulos, e escolheu doze dentre eles, que também chamou
Apóstolos. Eram estes que o seguiam em toda a parte e a quem instruía de
maneira toda especial, tanto assim que lhes disse certa vez: "A vós foi
concedido conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos outros se lhes fala por
parábolas". (Lc 9, 10).
Somente a estes, na última ceia, deu o poder de
consagrar o seu corpo e o seu sangue, dizendo-lhes: "Fazei isto em memória
de mim". (Lc 22,19). Somente a estes no dia da Sua ressurreição deu o
poder de perdoar os pecados. (Jo 20, 22); somente a estes deu o poder de pregar
o Evangelho, de receber súditos na Igreja por meio do batismo e de cuidar que
as leis divinas fossem observadas. (Mt 28, 18-20).
E note-se, outrossim, que Jesus lhes deu estes
poderes especiais para que os transmitissem aos seus sucessores por isso os
Apóstolos tinham cuidado de deixar nos lugares, que tinham evangelizado, quem
continuasse o seu ministério. Assim, por exemplo, lemos de S. Paulo, que
constituía nas várias Igrejas que tinha fundado, presbíteros, cujo ofício era
"governar a Igreja de Deus". (Atos 20, 28), "dispensar os
mistérios de Deus"(I Cor 4) e "oferecer sacrifícios em nome de todo o
povo". (Hebr. 5).
Portanto, o sacerdócio católico vem de Jesus,
pois sacerdote é justamente aquele que exerce estes ofícios na Igreja.
b) O rito pelo qual um cristão passa a fazer
parte do sacerdócio, é um sacramento.
Isto se prova especialmente pelas palavras que
S. Paulo dirigiu a Timóteo: "Não desprezes a graça, que está em ti, que te
foi dada pela profecia, com a imposição das mãos do presbitério"(I Tim.
4,14); "Eu advirto que ressuscites a graça de Deus, que esta em ti pela
imposição das minhas mãos". (II Tim. 1, 6).
Desse testemunho se segue: a) que os ministros
da Igreja são constituídos pela imposição das mãos, por isso como um sinal
sensível; b) por um sinal sensível produtivo da graça, pois abertamente se
declara que por esta imposição das mãos, comunica-se a graça; c) por um sinal
sensível instituído por Jesus Cristo, pois só Ele pode anexar a graça a um
sinal sensível. E de fato, o Senhor, que já tinha escolhido os Apóstolos e de
maneira especial os tinha educado, na última ceia conferiu aos mesmos o poder e
a graça de consagrar, quando lhes disse: "Fazei isto em memória de
mim"; e, depois da ressurreição, o poder e a graça de perdoar os pecados:
"Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados; aqueles a
quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos".
Portanto, o rito, pelo qual se confere o
sacerdócio, é um sacramento, visto que por sacramento se entende "um sinal
sensível produtivo da graça, instituído por Jesus Cristo".
1 Obj. — S. Paulo na sua Epistola aos Gálatas
(3, 28) diz: "Já não há judeus, nem grego; não há escravo, nem livre; não
há macho, nem fêmea, porque todos vós sois um em Jesus Cristo".
Com estas palavras nega o Apóstolo qualquer
servidão e sujeição entre os fiéis, e por isso qualquer superioridade, pela
qual uns presidem aos outros na Igreja por direito divino.
Resp. — Destas palavras se seguiriam também que
o Apóstolo nega a diversidade dos sexos, que é por condição da natureza, o que
é absurdo.
Ele tenciona apenas ensinar que estas diferenças
não constituem apenas desigualdades em ordem à justificação, salvação, graça, à
qual todos são chamados e da qual ninguém é excluído por ser escravo, ou fêmea
etc.
2 Obj. — A respeito de todos os cristãos foi
dito: "Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio real"(I Pedro 2, 9);
"E nos fez ser o reino e os sacerdotes de Deus e seu Pai". (Apoc. 1,
6).
Resp. — Nem S. Pedro, nem S. João
tencionam afirmar que os leigos sejam sacerdotes no sentido próprio da palavra,
mas que o são em sentido figurado; de fato, no mesmo texto de S. Pedro os fiéis
são chamados reis e todos compreendem que são assim chamados em sentido
figurado, sem que sejam excluídos os verdadeiros reis.
Além disso afirma S. Pedro que os cristãos
oferecem hóstias espirituais, isto é, sacrifícios impropriamente ditos, como
sejam as boas obras, o coração contrito e humilhado; portanto não são
sacerdotes no sentido próprio da palavra.
E por fim, estas coisas se afirmam dos cristãos,
como outrora do povo de Israel (Ex. 19, 6) que era chamado reino sacerdotal em
sentido figurado, pois todos sabem que havia diferença divinamente
estabelecida, entre os levitas e o povo em geral.
Portanto, também os cristãos são chamados
sacerdotes e reis em sentido figurado, sem que sejam excluídos os verdadeiros
sacerdotes e os verdadeiros reis.
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Autor: Frei Damião Bozzano, Missionário
Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur: Frei Otávio de Terrinca, ofmcap -
20/08/1953
Editora: Paulinas - 3 Edição - 1955
Fonte
Livro(PDF): Frei Damião - Em Defesa da Fé <http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/04/o-peregrino-de-deus.html>
Para citar
BOZZANO, Frei Damião. Em Defesa da Fé: XVII.
Ordem. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-de-bozzano-xvii-ordem.html>
Desde 26/04/2016.
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