terça-feira, 28 de junho de 2016

Dogmáticos de Avião

Autor do texto: Pe. Matheus Pigozzo

Caros, está virando costume, após cada fala do Sto. Padre em uma informal entrevista de avião, surgirem frases soltas polêmicas na mídia e pessoas dogmatizando a conversa do voo.

Um Papa é uma pessoa que tem seu modo de ver as coisas, sua linha pastoral, política, administrativa, suas impressões sobre os acontecimentos etc... O ministério petrino, ou seja, aquela função e carisma que a pessoa do Papa exerce, é um serviço à verdade revelada, é para guarda-la e ensiná-la, e não para inventá-la.


Os dogmáticos de avião, por desconhecerem essa premissa, acham que qualquer visão e opinião de um Papa é necessariamente um termo canônico ou uma proclamação solene de fé.


Deve-se ler um papa, quando se quer enquadrar a sua fala como algo magisterial, dentro da fé da Igreja (Sagrada Escritura e Tradição da Igreja), não como um romance no qual desejo virar a próxima página pra achar a novidade que contradiz as folhas passadas.

Por o Papa Francisco ter uma linguagem bem pastoral e de certa acessividade às pessoas da Igreja, corre-se o risco de más interpretações das falas e também de identificação do que é opinião e o que é seu magistério.


Mas a premissa que coloquei no início é boa para você católico não ficar como um caniço agitado pelo vento midiático. Veja:


O fato do Papa falar, voltando das Filipinas - país esse com um crescimento das famílias não muito responsável - que não se deve ter filhos igual coelhos, não muda a verdade da abertura à vida em toda ação conjugal, das finalidades do matrimônio e de toda revelação bíblica e da tradição referente ao tema. O fato de falar da Zika e anticoncepção não apaga a obrigação de toda pessoa seguir a natureza da ação conjugal (sempre aberta à vida) e nem a dispensa de seguir dogmaticamente a Humanae Vitae, por exemplo.


A frase solta que o Facebook e a TV mostra - "Papa diz que Igreja deve pedir desculpa ao gays" - não exclui a verdade de que o Catecismo da Igreja, as notas da Congregação da doutrina da fé e todo o magistério, seguindo o ensino de São Paulo, por exemplo, fale que os atos homossexuais são ações desordenadas, contrárias à natureza, e que, apesar disso, as PESSOAS devem ser acolhidas e acompanhadas com caridade.


Sobre esse último tema interpreto que pessoas da Igreja devem pedir perdão se não acolheram os homossexuais para anunciar a eles o Evangelho, mas não a Igreja em si... Dizer a verdade é a maior caridade que prestamos, esta, portanto deve vir sempre com o olhar, a acolhida e o amor de Jesus.


Quantos vêm à Igreja para se sentirem respeitados e são ajudados por nós... quantos se libertam e vivem felizes formando uma família...


Você que está confuso pelo barulho midiático, te convido a ler os documentos da Igreja e ver a prática de fraternidade dela antes de julgá-la...


Cada um deve rever os seus atos, saber acolher a todos, vendo a dignidade no interior de cada pessoa e ter como paradigma o modo de Jesus agir - "Eu te perdoo, eu não te julgo", porém sem esquecer o restante da frase - "Vai e não voltes mais a pecar!".

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