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"A Missa não é minha, não é propriedade pessoal, a Missa é da
Igreja e eu sou apenas um servidor."
Padre Demétrio Gomes
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Quantas
vezes nós queremos agradar aos homens e inventamos "Missa balada..." Missa balada? Que é isso?
"A
gente vai fazer uma Missa diferente hoje... Vamos reunir a equipe de liturgia e
fazer uma Missa mais legal para os jovens... Vamos colocar aqui um globo
girando, luzes coloridas e, a nossa Missa vai ser uma Missa que vai estar cheia
de jovens que vão se aproximar para encontrar ali na ‘Missa balada’ a Deus".
Olha,
se eu fosse um jovem do mundo e quisesse ir a uma balada de verdade, eu não
iria para a Igreja procurar isso, eu procuraria no mundo. Mas se eu vou a
Igreja eu quero encontrar a Missa da Igreja e não a Missa da balada, não a
Missa do mundo, pois o mundo não pode entrar na Igreja, mas a Igreja deve
influenciar positivamente o mundo!
Querer
agradar aos homens é querer desagradar a Deus. A Liturgia não é minha, a Missa
não é minha, não é propriedade pessoal, a Missa é da Igreja e eu sou apenas um
servidor. Obediência sacerdotes, obediência equipes de liturgia, pois a Missa
não é nossa, nós não fazemos nada, nós recebemos da Mãe Igreja! Sabe o que
podemos fazer, quando muito? Um bezerro de ouro. É isso que os homens fazem:
Ídolos!
Quando
Moisés subiu ao monte para estar ali diante de Deus face a face, o povo de
Israel ficou impaciente com a espera, e impaciente por esperar a Deus que se
manifestaria, criam o seu próprio Ídolo, o seu próprio bezerro de ouro. É isso
que nós fazemos, quando transformamos a Missa em propriedade nossa.
Quantos
liturgistas, aqueles que estudam (teoricamente) a teologia litúrgica, as
celebrações litúrgicas da Igreja, falam palavras semelhantes a essas: "Nós
temos que transformar a liturgia em algo mais popular, a liturgia do
povo!" "A liturgia do povo!" -Enchem a boca para falar-
"nós não estamos em Roma, nós estamos no Brasil, e no Brasil nós
precisamos ter a liturgia do povo".
E
o que é liturgia do povo? É transformar um pouquinho para que ela se adapte a
nossa realidade. “Para que usar nomes como corporal, cálice, patena? Não, vamos
usar coisas mais do nosso dia a dia. Por que ao invés de cálices não usamos
copos descartáveis, pois é o que o povo usa? Por que ao invés de usar corporais
nós não usamos guardanapos, seria algo tão mais simples para utilizar nas
Missas?” E nós vamos transformando a Missa numa espécie de jantar em nossa
casa, e a Missa já não nos leva para o Céu, pois ela se tornou tão do povo, tão
do povo que ela já não é liturgia de Deus, ela já não me aponta o Céu, ela se
converteu em algo humano, demasiadamente humano.
Na
carta de Pero Vaz de Caminha, quando ele relata a Corte Portuguesa que ele
encontrou aqui no Brasil, ele fala sobre a primeira Missa no Brasil, e ele diz
que enquanto se preparou tudo, paramentos, o Altar, os cantos para celebrar a
primeira Missa aqui na terra de Santa Cruz, enquanto os Sacerdotes celebravam e
faziam os gestos da Missa, falando em Latim, um grupo de índios que estavam ali
presentes -isso quem quiser ver depois na carta de Pero Vaz de Caminha, é bem
interessante e muito belo- imitavam todos os gestos do Sacerdote: Se o Padre
levantava a mão ou abria a mão, os índios faziam igual, se o Padre fazia
genoflexão, os índios genofletiam também... Aí chegou durante a Missa um outro
grupo de índios, que não estavam ali presentes, e começaram a conversar entre
si, e parece que esse grupo que chegou alguém dentre eles perguntou ao grupo
que lá estava: “O que está acontecendo aqui?” “O que é isso?” E os índios que
estavam na Missa apontavam o Altar e apontavam o Céu, o Altar e o Céu! Aqueles
homens não sabiam nada de Latim, aqueles homens não sabiam nada de liturgia da
Igreja, mas aqueles homens, que eram simples, sabiam que ali estava acontecendo
alguma coisa misteriosa que unia o Céu e a terra. É isso que é a Missa, a Missa
não pode se tornar algo comum, a Missa é extraordinária, é o Céu e a terra que
se fundem, e só as almas simples contemplam isso, os liturgistas são incapazes
de perceberem essa maravilha!
É
por isso que o Padre coloca uma roupa diferente, porque ele não está vivendo
algo do seu dia a dia, algo trivial, algo comum. É por isso que as palavras são
diferentes, é por isso que os cantos são diferentes, por que ali se realiza
algo diferente, não é humano, é de Deus, é do Céu!
Nós
não podemos converter os nosso presbitérios em palcos de shows, ali acontece a
ação mais Sagrada e Transcendente da história dos homens. Não existe nada na
terra mais importante do que a Missa, os homens devem perceber o Sagrado que se
atualiza pela voz, pelos gestos, por atos pequenos dos Sacerdotes, pois nesses
atos ele manifesta o seu amor ao sublime mistério de Deus.
Em
resumo, o que nós precisamos é de obediência aquilo que a Igreja pede, é de nos
convencermos que na Missa o protagonista não é o Sacerdote, o Protagonista é
Cristo. E para que Cristo seja o protagonista a Igreja inventou uma coisinha
que os Sacerdotes conhecem bem -pelo menos aprenderam, se nós fazemos é outra
história- que se chama rubricas, RUBRICAS, a palavra rubrica vem da palavra
rubrum do Latim, que significa vermelho. O Missal, aquele livrinho que nós
Sacerdotes utilizamos para celebrar a Missa, já viram? Ali tem as palavras que
o Padre tem que falar, que estão em negro, preto. Estão em letrinhas menores,
em vermelho, que diz o que o Sacerdote deve fazer, diz assim: "Agora o
Sacerdote se ajoelha e adora o senhor", "agora o Sacerdote estende as
mãos...” Por que a Igreja inventou isso? Para nos amarrar? Para tirar nossa
liberdade? Não! A Igreja inventou isso par que, ao realizar essas ações
sagradas, o Sacerdote desapareça e Cristo apareça nele.
Quando
nós falamos "eu quero ir a Missa do Padre fulano..." "Eu quero
ir a Missa do Padre beltrano..." Por quê? Por que nós convertemos os
Padres em protagonistas, e nós (Padres) não somos isso. Nós devemos silenciar
através da obediência dessas rubricas, para que o próprio Cristo apareça e,
assim não importa se a Missa é do Padre "X" ou do Padre
"Y", por que o que importa para nós é que a Missa é de Jesus Cristo,
a Missa é do Senhor, não é minha, não é propriedade de um Padre.
Ouçam
o que diz o Papa (Emérito) Bento XVI:
“Não
somos uma empresa voltada para o lucro, somos Igreja. Nossa tarefa não é criar
um produto ou conseguir êxito nas vendas.”
Nós
não somos uma empresa que está aqui para querer multidão, não somos empresa
para agradar os homens, para conseguir lucro. Nós queremos sim que hajam
multidões em nossas Igrejas, desejamos quanto mais melhor, pois Nosso Senhor
não quer que nenhum homem pereça, mas que tenham a Vida Eterna, mas nós não
podemos querer multidão a custa de sacrificar a Verdade.
Na
ação litúrgica, em cada Missa, a Igreja expressa -diz a Constituição Dogmática
Dei Verbum- no seu Culto aquilo que Ela crê e aquilo que Ela é. Se nós mudamos
o Culto da Igreja nós não expressaremos o que cremos, nós não expressaremos o
que somos.
Ou
somos católicos por inteiros ou não somos católicos, não existe aqui meio
termo.
Longe
de nós esse chamado “catolicismo de supermercado”, o católico de supermercado é
aquele que vai com um carrinho na Igreja e diz assim, “Salvação? Isso eu quero,
tá barato, pega e bota no carrinho. Mortificação? Castidade? Não, isso aqui tá
muito caro para mim, tira do carrinho...” E você vai escolhendo o que você quer
levar e o que você não quer levar, e no final, na hora que você chega no caixa
do supermercado para pagar sua conta, no carrinho você não tem mais a Igreja de
Jesus Cristo, você tem a tua igrejazinha, a tua seita. Não se pode escolher
“ah! Isso aqui eu tiro e com isso aqui eu fico...” Na Igreja ou você leva o
pacote completo, o “combo católico” com tudo aquilo que ele tem, ou você não
leva nada, ou se é católico ou não se é católico, simples assim e não existe
meio termo! Isso se expressa na pregação da doutrina, na pregação da moral e na
celebração do Santo Sacrifício da Missa.
Quantas
pessoas morreram para que nós hoje pudéssemos recitar com tranquilidade, tantas
vezes sem perceber, o Credo na Missa. E nós vamos tirando elementos da nossa
fé, por exemplo, vocês já devem ter ouvido falar, entre pessoas próximas, algo
do tipo “não, eu sou católico, sou católico mas eu acho que a Igreja deveria
rever sua postura em relação ao aborto, pois nós temos que pensar na saúde
reprodutiva da mulher...” “Eu sou católico, muito católico, rezo meu terço todo
dia, mas eu acho que a Igreja poderia deixar de condenar as relações sexuais
fora do casamento, afinal vivemos em outros tempos...” “Eu sou católico, muito
católico, mas eu acho que a Igreja deveria começar a ordenar mulheres...” Olha,
você pode ser tudo, mas católico você não é, deixou de sê-lo a muito tempo. Me
faça o favor, não reze mais o Credo, é melhor, não reze o Credo, ou você
acredita ou não, mas não me coloque uma mascara de católico quando na verdade por
dentro você é um traidor da Igreja e só ajuda a destruí-la.
Muitos
cristãos morreram para que nós hoje pudéssemos professar a nossa fé, o Império
Romano se converteu por conta de poucos cristãos que eram fiéis a Verdade
trazida por cristo, e por isso eles converteram todo o Império. Nós podemos
converter o mundo se somos fiéis a Cristo, é hora de deixarmos de cruzar os
braços, é hora de deixar de olhar para baixo e repetir “não posso, não posso,
não posso... Parece que o mundo quer me engolir”. É hora de a gente abraçar a
nossa fé que se expressa na Doutrina, na Moral e no Culto, para que o mundo
volte a encontrar na Igreja essa Luz que lhe dá esperança, essa luz que aponta
para o Céu e diz “a realidade ultima não termina aqui na terra, a tua vida é
muito mais do que isso”, para que Deus
comece a resplandecer na nossa vida e na vida da Igreja, para mudar o mundo,
por que o dia que a Igreja -a Igreja nós, cada um de nós- o dia em que nós nos
convertermos, nos convertermos de verdade, “nós colocaremos fogo no mundo(1)”,
precisamos antes de conversão e ninguém imagina o que somos capazes de fazer.
Quando
nós homens começarmos a diminuir, a nos abaixar, para que o Santíssimo
Sacramento apareça, para que Deus ocupe o seu posto de Senhorio na Igreja ou no
mundo, nós começaremos a mudar o mundo, nós converteremos o mundo e o
incendiaremos no fogo do Amor de Deus. Mas é necessário que para isso o Senhor
ocupe o primeiro lugar, e isso começa na Missa, na celebração de cada dia. Não
nos acostumemos com a Missa, não queiramos ser protagonistas dessa história e,
façamos, permitamos que o Senhor ocupe o trono de Majestade na sua Igreja e no
mundo.
Padre Demétrio Gomes
Sacerdote
da Arquidiocese de Niterói (RJ).
Este
texto é a transcrição de um vídeo (Homilia) do Pe. Demétrio Gomes, disponível
no YouTube: https://youtu.be/IvmvCpPKz4E
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Transcrição do vídeo: Thiago A. Borges de
Azevedo
Revisão do texto: Aline dos Santos
Notas importantes: 1. Esta transcrição não tem autorização do Pe. Demétrio, mas tendo em
vista que o vídeo (Homilia) disponível no You Tube é público e também o fato de
que nós não ganhamos nada com o que aqui publicamos, acreditamos que não haja
problemas em fazermos essa transcrição! 2. Qualquer falha (ou erro) deve ser
atribuído ao transcritor e não ao Padre, já que o Padre fez tal discurso em
vídeo e não em texto. Nós fizemos o possível para que essa transcrição seja
fiel ao que é dito no vídeo, mas pedimos a sua compreensão caso haja alguma
falha nossa.
Para citar
Pe.
Demétrio Gomes: A Missa não é minha, não é propriedade pessoal, a Missa é da
Igreja e eu sou apenas um servidor. Disponível em <https://youtu.be/IvmvCpPKz4E>
Desde 16/06/2014. Transcrição de Thiago A. Borges de Azevedo, disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/10/0209.html>
Desde 03/10/2016
Citação
1. «Se fordes aquilo que deveis ser, tocareis
fogo no mundo» Santa Catarina de Sena
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