A MORAL
MIDIÁTICA: ABORTO, CASAMENTO E FRANCISCO
Autor: Padre Matheus
Pigozzo | Fonte
Atualmente, por diversas ambiguidades
internas e pela força da mídia, parece se instaurar uma confusão nos fiéis
católicos e uma total má informação sobre posicionamentos doutrinais e eclesiásticos
por pessoas de fora da Igreja.
Primeiramente, é necessário que se entenda
que qualquer autoridade na Igreja está a serviço da verdade revelada por Deus,
verdade essa que é imutável, portanto, há certo tipo de coisas que são porque
foram estabelecidas por Deus e inclusive umas dessas coisas tem a própria lei
inscrita dentro de si, e, por isso, são intocáveis, a Igreja tem que guarda-las
porque não tem autoridade sobre elas.
O mundo tem a Igreja como uma pedra no
sapato, pois, motivado por ideologias e dinheiro, não quer que as pessoas se
prendam a nada, creiam em nada como absoluto, não guardem sentido e valores,
para poder tê-las como marionetes de seus interesses. Sendo assim, apresentam
Francisco, por conta de seu jeito atípico, como um "reformador", como
aquele que veio mudar a Igreja, colocá-la nos moldes do mundo.
A primeira frente de embate é sobre o
casamento, nada mais sugestivo para os nossos dias... Que ideólogo e empresário
pornográfico ou de indústrias anticonceptivas vai querer que pessoas creiam que
devem ser fiéis a uma só mulher, que creiam que devem ter a responsabilidade de
gerar e educar vidas e que compromissos devem ser duradouros? Agora, acoplando
esses interesses com uma sociedade que seu deus é o prazer, é juntar fósforo
com álcool. Portanto, nada melhor que apresentar uma Igreja que oprime pessoas
recasadas lhe tirando a comunhão.
Sabe qual é o problema? Tem pessoas que acham
que está no mesmo nível de verdade e de lei, um Papa tirar os sapatinhos
medievais (cheios de significado, é verdade) e a indissolubilidade do
casamento.
O que é dar comunhão a recasados? É dizer que
objetivamente não há erro em casar com um e viver com outra pessoa, é dizer que
as palavras do próprio Jesus (Mt 19) foram um lapso momentâneo, é dizer que o
pecado não te tira da comunhão com Deus. Mas, se isso, mesmo com toda sua
complexidade pastoral e social, que não é tema desse artigo, não tira alguém da
amizade com Deus, se viver em contradição com a Palavra d'Ele não tira alguém
da comunhão com Ele, então não haveria mais pecado, como se poderia dizer que
alguém que mata está errado? Ou como poderíamos condenar alguém que oprime o
pobre desvalido?
A última da mídia, ignorante de direito
canônico e doutrina, foi insinuar que a faculdade que o Papa deu para qualquer
sacerdote absolver o pecado de aborto, é uma atitude de atenuar o erro, como se
dissesse que não é tão errado assim a mãe matar seu próprio filho indefeso em
seu ventre.
Todo padre tem poder de perdoar os pecados,
porém, a faculdade para exercer esse poder deve ser dada pelo bispo. Alguns
pecados que trazem consigo a excomunhão por serem gravíssimos, são reservados
ao bispo ou a quem ele conceder. O pecado terrível de aborto, como o próprio
Francisco denominou, traz consigo a excomunhão, só que agora, qualquer
sacerdote pode absolver retirando a excomunhão, essa ação de retirar a
excomunhão, nesse caso, não está mais reservada ao bispo. Essa faculdade já era
concedida por muitos bispos a todos sacerdotes por conta do atendimento
pastoral, Francisco "canonizou" tal procedimento já corriqueiro.
Depois de tentar esclarecer algumas coisas,
gostaria de dizer com esse um pouco longo comentário, é que o que me causa mais
tristeza não é o que Francisco diz ou o que dizem o que ele diz, até porque
nesse sentido devemos ir aos textos e não aos intérpretes, mas é ver a
imaturidade das pessoas engajadas e até de teólogos. Parecem que não sabem
fazer uma diferença básica entre lei eclesiástica e lei divina. Não sabem
distinguir posições e sugestões pontifícias de um posicionamento "ex
cathedra". Parecem não compreender o que é uma verdade revelada e o que é
um cânon jurídico.
Se você tem fé, se você é honesto com Deus,
mesmo que se fosse verdade que um Papa tivesse a pretensão de mudar algo
estabelecido por Deus, você deveria por caridade querer corrigi-lo e não
levantar sua bandeira de revolução dentro da casa de Deus, você deveria dia e
noite rezar e se mortificar para que Deus o iluminasse em suas decisões para
não trazer confusão na Igreja em vez de posar de "Che Guevara
católico". Você deveria, tendo fé, ajudar um casal em adultério e um jovem
que aborta a reconhecer o erro e viver na graça abandonando o pecado, em vez de
passar horas com a AL nas mãos tentando ver uma fala clara para justificar a
teologia que você fez em sua cabeça e não recebeu da Igreja.
Deus cuide de nós e de toda a Igreja,
salve-nos do erro e nos conduza a vida eterna, amém!
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