segunda-feira, 25 de abril de 2016

Frei Damião Bozzano: IX. A Eucaristia - Palavras da Promessa


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IX. A Eucaristia - Palavras da Promessa 
Frei Damião de Bozzano

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A EUCARISTIA é o sacramento do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor sob as espécies do pão e do vinho, ou, por outras palavras, é Nosso Senhor vivo e verdadeiro assim como esta no céu.

Se quisermos acreditar no Evangelho, devemos também crer na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, pois, mais claro não podia ele Ter falado, tanto quando prometeu este sacramento, como quando o instituiu. 

Palavras da promessa. Era o dia seguinte ao da multiplicação dos cinco pães, e Jesus, estando em Cafarnaum, começou a dizer ao povo que O cercava: "Eu sou o pão vivo que desci do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente, e o pão que eu darei é a minha carne pela vida do mundo, isto é, imolada pela vida do mundo". (Jo 6, 52 ). 

Esta palavras significam claramente que Jesus queria dar em alimento o seu corpo verdadeiro e real e não somente uma figura ou imagem do mesmo. Os seus mesmos ouvintes desta maneira interpretaram as suas palavras e, ficando escandalizados, exclamaram: "Como pode Este dar-nos a sua carne a comer?" (Jo 6, 53 ). 

Antes de chegarmos à resposta de Jesus, cumpre-nos notar o seguinte: 

Quando os ouvintes, por simplicidade ou ignorância, não tinha bem compreendido o verdadeiro significado de Suas palavras, costuma Ele explicar a Sua doutrina, especialmente em se tratando de coisas atinentes à salvação eterna, afim de que os discípulos não incorressem no erro. (Disto se encontram exemplos em Jo 3, 3-8 e Mt 16, 6-12 ) 

Pelo contrário, quando a sua doutrina tinha sido bem compreendida, embora desagradasse aos ouvintes, ainda mais energicamente costumava repeti-la. (A respeito se encontram exemplos em Mt 3, 2-7 e em Jo 8, 51-59). 

E agora ouçamos a resposta que dá aos judeus, que lhe perguntam: "Como nos pode dar a sua carne a comer?" E Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia, porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu Sangue verdadeiramente bebida". O que foi o mesmo que lhes dizer: Não somente vos posso dar a minha carne a comer e o meu sangue a beber, mas disto vos imponho um preceito sob pena de morte eterna. Queria, portanto, que as suas palavras fossem tomadas ao pé da letra. 

A semelhantes insistências do Divino Mestre, muitos discípulos se revoltam e clamam: "É duro este discurso e quem o pode ouvir?" Por que o achavam duro? 

Porque eles também não podiam compreender como pudesse Jesus dar a sua carne a comer e o seu sangue a beber; e, não querendo admitir tantos prodígios, o abandonaram. E acaso Jesus o detêm? Não. Pelo contrário volta-se aos doze Apóstolos e diz: "quereis vós também retirar-vos?" Como se quisesse dizer: "Quereis ou não quereis crer que eu vos darei a minha carne a comer e o meu sangue a beber? Se não quereis crer, ide embora com os outros". Foi então que S. Pedro em nome dos doze, exclamou: "mestre, para quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna; e nós temos crido e reconhecido que és o Cristo, o Filho de Deus. (Jo 6, 70 ). Com esta resposta também S. Pedro declarou que nada tinha compreendido com relação ao mistério que Jesus acabava de revelar, contudo, acreditava, porque sabia que Jesus era o Filho de Deus. 
 
Reflitamos um pouco sobre este fato da apostasia dos discípulos. Abandonam a Jesus, porque não querem admitir que Ele possa dar a comer a sua própria carne e a beber o seu próprio sangue. 

Ora, suponhamos que tivessem compreendido mal as palavras de Jesus, não devia Ele explicar-se melhor? Que lhe custava dizer: Não vades embora, pois não é do meu próprio corpo nem do meu próprio sangue que falo, e sim apenas tenciono vos dar a comer um pedaço de pão e a beber um pouco de vinho, como figura do meu corpo e do meu sangue. E isto teria sido bastante para impedir que aqueles discípulos O abandonassem. Jesus, porém, não deu esta explicação; Jesus que veio para salvar as almas, permitiu que caíssem num abismo de misérias. Pelo que cumpre dizer que prometeu dar a comer o seu próprio corpo e a beber o seu próprio sangue, pois era assim justamente que aqueles discípulos tinham compreendido as suas palavras e era por isso que O abandonavam. 

Algumas objeções 

Jesus declarou que as suas palavras deviam se entendidas em sentido figurado, dizendo: "O espírito é que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que vos tenho dito são espírito e vida". (v. 64) 

Resp. — Mesmo depois destas palavras continuaram os discípulos a entender em sentido literal o discurso do Mestre. Tanto assim que "a partir daí, — diz o Evangelho — muitos se retiraram e já não andavam com Ele". (Jo 6, 57). 

Não é verdade, portanto, que tenham declarado com isto, que as suas palavras deviam ser entendidas em sentido figurado. 

Qual é então o verdadeiro significado do v. 64? 

Ei-lo: Jesus tinha dito que era preciso comer a sua carne e beber o seu sangue, para ter a vida eterna. Julgando os discípulos que a carne de Jesus devesse ser tomada morta e feita em pedaços, Cristo responde: "Isto vos escandaliza? A ocasião do escândalo cessará, quando conhecerdes a minha Ascensão ao céu, pois então acreditareis mais firmemente na minha divindade e ao mesmo tempo compreendereis que não se trata de carne que há de ser feita em pedaços e devorada. 

Toda a vida procede do espírito; e por isso a minha carne por si só, isto é, separada da divindade, não poderia dar a vida. O que disse deve ser entendido da minha carne vivificada pelo espírito e pela divindade; dessa maneira dará a vida". 

— Jesus diz: "Eu sou o pão vivo que desci do céu". (Jo 6, 51). 

Ora, o corpo de Jesus não desceu do céu. Logo Jesus não fala do seu próprio Corpo. 

O Corpo de Jesus nunca se separou da sua divindade, desde o primeiro instante em que foi concebido no seio de Maria; é unido numa só pessoa com o Verbo Divino, de modo que quem recebe o Corpo de Jesus, recebe a própria pessoa de Jesus, recebe o Verbo Divino. Ora, o Verbo Divino desceu do céu. 

— Jesus promete a vida eterna aos que comem a sua carne e bebem o seu sangue.  

— Suponhamos que um rato coma uma hóstia consagrada. Iria para o céu? Não.

Que aconteceria? Nada. Pois um rato não é capaz de vida eterna.

Resp. — Jesus não promete, sem exceção alguma, a vida eterna a todos os que comem a sua carne e bebem o seu sangue; mas somente aos que comem e bebem dignamente a sua carne e o seu sangue. Tanto assim que nos adverte por S. Paulo: "Quem come deste pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente, come e bebe para si a própria condenação.
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Autor: Frei Damião Bozzano, Missionário Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur: Frei Otávio de Terrinca, ofmcap - 20/08/1953
Editora: Paulinas - 3 Edição - 1955

Fonte

Para citar
BOZZANO, Frei Damião. Em Defesa da Fé: IX. A Eucaristia - Palavras da Promessa. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-bozzano-ix-a-eucaristia-palavras-da-promessa.html> Desde 26/04/2016.

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