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IX. A Eucaristia -
Palavras da Promessa
Frei Damião de Bozzano
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Se quisermos acreditar no Evangelho, devemos
também crer na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, pois, mais claro
não podia ele Ter falado, tanto quando prometeu este sacramento, como quando o
instituiu.
Palavras da promessa. Era o dia seguinte ao da
multiplicação dos cinco pães, e Jesus, estando em Cafarnaum, começou a dizer ao
povo que O cercava: "Eu sou o pão vivo que desci do céu; se alguém comer
deste pão, viverá eternamente, e o pão que eu darei é a minha carne pela vida
do mundo, isto é, imolada pela vida do mundo". (Jo 6, 52 ).
Esta palavras significam claramente que Jesus
queria dar em alimento o seu corpo verdadeiro e real e não somente uma figura
ou imagem do mesmo. Os seus mesmos ouvintes desta maneira interpretaram as suas
palavras e, ficando escandalizados, exclamaram: "Como pode Este dar-nos a
sua carne a comer?" (Jo 6, 53 ).
Antes de chegarmos à resposta de Jesus,
cumpre-nos notar o seguinte:
Quando os ouvintes, por simplicidade ou ignorância,
não tinha bem compreendido o verdadeiro significado de Suas palavras, costuma
Ele explicar a Sua doutrina, especialmente em se tratando de coisas atinentes à
salvação eterna, afim de que os discípulos não incorressem no erro. (Disto se
encontram exemplos em Jo 3, 3-8 e Mt 16, 6-12 )
Pelo contrário, quando a sua doutrina tinha sido
bem compreendida, embora desagradasse aos ouvintes, ainda mais energicamente
costumava repeti-la. (A respeito se encontram exemplos em Mt 3, 2-7 e em Jo 8,
51-59).
E agora ouçamos a resposta que dá aos judeus,
que lhe perguntam: "Como nos pode dar a sua carne a comer?" E Jesus:
"Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do
Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha
carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último
dia, porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu Sangue
verdadeiramente bebida". O que foi o mesmo que lhes dizer: Não somente vos
posso dar a minha carne a comer e o meu sangue a beber, mas disto vos imponho
um preceito sob pena de morte eterna. Queria, portanto, que as suas palavras
fossem tomadas ao pé da letra.
A semelhantes insistências do Divino Mestre,
muitos discípulos se revoltam e clamam: "É duro este discurso e quem o
pode ouvir?" Por que o achavam duro?
Porque eles também não podiam compreender como
pudesse Jesus dar a sua carne a comer e o seu sangue a beber; e, não querendo
admitir tantos prodígios, o abandonaram. E acaso Jesus o detêm? Não. Pelo contrário
volta-se aos doze Apóstolos e diz: "quereis vós também retirar-vos?"
Como se quisesse dizer: "Quereis ou não quereis crer que eu vos darei a
minha carne a comer e o meu sangue a beber? Se não quereis crer, ide embora com
os outros". Foi então que S. Pedro em nome dos doze, exclamou:
"mestre, para quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna; e nós temos
crido e reconhecido que és o Cristo, o Filho de Deus. (Jo 6, 70 ). Com esta
resposta também S. Pedro declarou que nada tinha compreendido com relação ao
mistério que Jesus acabava de revelar, contudo, acreditava, porque sabia que
Jesus era o Filho de Deus.
Reflitamos um pouco sobre este fato da apostasia
dos discípulos. Abandonam a Jesus, porque não querem admitir que Ele possa dar
a comer a sua própria carne e a beber o seu próprio sangue.
Ora, suponhamos que tivessem compreendido mal as
palavras de Jesus, não devia Ele explicar-se melhor? Que lhe custava dizer: Não
vades embora, pois não é do meu próprio corpo nem do meu próprio sangue que
falo, e sim apenas tenciono vos dar a comer um pedaço de pão e a beber um pouco
de vinho, como figura do meu corpo e do meu sangue. E isto teria sido bastante
para impedir que aqueles discípulos O abandonassem. Jesus, porém, não deu esta
explicação; Jesus que veio para salvar as almas, permitiu que caíssem num
abismo de misérias. Pelo que cumpre dizer que prometeu dar a comer o seu
próprio corpo e a beber o seu próprio sangue, pois era assim justamente que
aqueles discípulos tinham compreendido as suas palavras e era por isso que O
abandonavam.
Algumas objeções
Jesus declarou que as suas palavras deviam se
entendidas em sentido figurado, dizendo: "O espírito é que vivifica, a
carne para nada aproveita; as palavras que vos tenho dito são espírito e
vida". (v. 64)
Resp. — Mesmo depois destas palavras continuaram
os discípulos a entender em sentido literal o discurso do Mestre. Tanto assim
que "a partir daí, — diz o Evangelho — muitos se retiraram e já não
andavam com Ele". (Jo 6, 57).
Não é verdade, portanto, que tenham declarado
com isto, que as suas palavras deviam ser entendidas em sentido figurado.
Qual é então o verdadeiro significado do v.
64?
Ei-lo: Jesus tinha dito que era preciso comer a
sua carne e beber o seu sangue, para ter a vida eterna. Julgando os discípulos
que a carne de Jesus devesse ser tomada morta e feita em pedaços, Cristo
responde: "Isto vos escandaliza? A ocasião do escândalo cessará, quando
conhecerdes a minha Ascensão ao céu, pois então acreditareis mais firmemente na
minha divindade e ao mesmo tempo compreendereis que não se trata de carne que
há de ser feita em pedaços e devorada.
Toda a vida procede do espírito; e por isso a
minha carne por si só, isto é, separada da divindade, não poderia dar a vida. O
que disse deve ser entendido da minha carne vivificada pelo espírito e pela
divindade; dessa maneira dará a vida".
— Jesus diz: "Eu sou o pão vivo que desci
do céu". (Jo 6, 51).
Ora, o corpo de Jesus não desceu do céu. Logo
Jesus não fala do seu próprio Corpo.
O Corpo de Jesus nunca se separou da sua
divindade, desde o primeiro instante em que foi concebido no seio de Maria; é
unido numa só pessoa com o Verbo Divino, de modo que quem recebe o Corpo de
Jesus, recebe a própria pessoa de Jesus, recebe o Verbo Divino. Ora, o Verbo
Divino desceu do céu.
— Jesus promete a vida eterna aos que comem a
sua carne e bebem o seu sangue.
— Suponhamos que um rato coma uma hóstia
consagrada. Iria para o céu? Não.
Que aconteceria? Nada. Pois um rato não é capaz de vida eterna.
Resp. — Jesus não promete, sem exceção alguma, a vida eterna a todos os que comem a sua carne e bebem o seu sangue; mas somente aos que comem e bebem dignamente a sua carne e o seu sangue. Tanto assim que nos adverte por S. Paulo: "Quem come deste pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente, come e bebe para si a própria condenação.
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Autor: Frei Damião Bozzano, Missionário
Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur: Frei Otávio de Terrinca, ofmcap -
20/08/1953
Editora: Paulinas - 3 Edição - 1955
Fonte
Livro(PDF): Frei Damião - Em Defesa da Fé <http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/04/o-peregrino-de-deus.html>
Para citar
BOZZANO, Frei Damião. Em Defesa da Fé: IX. A
Eucaristia - Palavras da Promessa. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-bozzano-ix-a-eucaristia-palavras-da-promessa.html>
Desde 26/04/2016.
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