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VIII. Confirmação ou
Crisma
Frei Damião de Bozzano
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O
CRISMA é um sacramento no qual pela imposição das mãos e a unção com o crisma,
proferindo certas palavras sagradas, se comunica ao batizado o Espírito Santo,
para que valorosamente confesse a sua fé.
O
Crisma é um verdadeiro sacramento da Nova Lei.
I
— Prova-se pela Sagrada Escritura.
Lemos,
com efeito, nos Atos dos Apóstolos (8,12,17) que os Samaritanos, tendo recebido
a palavra de Deus, foram batizados por Felipe; e os Apóstolos lhes enviaram Pedro
e João, os quais, assim que chegaram, oraram por eles, afim de que recebessem o
Espírito Santo, porque este ainda não tinha descido sobre nenhum deles, mas
tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. Em seguida lhes
impuseram as mãos e eles receberam o Espírito Santo.
Do
mesmo modo São Paulo, vindo a Éfeso, batizou em nome de Jesus, discípulos de S.
João e "neles impôs as mãos, para que o Espírito Santo baixasse sobre
eles". (Atos 19, 5-6).
Temos
aqui — a) um sinal, um rito sagrado realizado pelos Apóstolos: a imposição das
mãos; b) produtivo da graça, pois a esta imposição se seguiu a descida do
Espírito Santo; c) um sinal instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, pois em
coisa tão importante e fundamental os Apóstolos não agiam certamente conforme a
sua vontade, mas em nome de Jesus, assim como na administração do batismo e na
remissão dos pecados.
Portanto
fala aqui a Sagrada Escritura de um Sacramento, visto que um Sacramento, como
dissemos em outro capítulo, é um sinal sagrado, produtivo da graça, instituído
por Nosso Senhor.
Ora,
este Sacramento não é o batismo, pois os Samaritanos, a que S. Pedro e S. João
impuseram as mãos, já tinham sido batizados por S. Felipe e os de Éfeso, antes
de receberem a imposição das mãos por S. Paulo, foram por este batizados.
Tão
pouco pode ser a ordenação sacerdotal, como alguns supuseram, pois entre os que
receberam este Sacramento em Samaria, havia também mulheres e as mulheres não
podem ser ordenadas.
Logo
é o sacramento da Confirmação ou Crisma.
Obj.
— A imposição das mãos era empregada para dar os carismas extraordinários do
Espírito Santo, tais como o dom dos milagres e da profecia, o dom das línguas,
etc.
Resp.
— A imposição das mãos era feita principalmente, para que os fiéis recebessem o
Espírito Santo, que Jesus prometeu dar a todos os que cressem Nele. (Jo 7, 38).
Nos
primeiros tempos, à imposição das mãos, se seguiam frequentemente estes prodígios,
porque eram necessários para a conversão do mundo. Agora, que temos tantas
provas da verdade da nossa santa religião, os milagres não são necessários. Mas
o dom do Espírito Santo, que fortificava os primeiros cristãos e os tornava
capazes de fazer qualquer sacrifício antes que perder a fé, ainda hoje é
necessário para os fiéis.
Por
isso a imposição das mãos, que é justamente o Sacramento que nós chamamos —
Crisma — ainda hoje continua e continuará até o fim dos séculos.
II
— Prova-se pela Tradição.
Os
Padres da Igreja, falam desta imposição das mãos para a vinda do Espírito
Santo, como de verdadeiro Sacramento.
Tertuliano
(II século) diz: "Depois do batismo impõem-se as mãos para a bênção, se
invoca e convida o Espírito Santo". (Livro sobre o Batismo, c. VIII)
S.
Cipriano (III século) na sua Epístola a Jubaiano, referindo-se ao texto dos
Atos dos Apóstolos (8, 14) diz: "O que faltou do Batismo administrado por
Felipe, isto foi feito por Pedro e João... Isto se faz também entre nós, para
que os que são batizados, por nossa, oração e imposição das mãos, consigam o
Espírito Santo".
S.
Cirilo (IV século), explicando o catecismo aos catecúmenos, diz: "Enquanto
se faz uma unção visível sobre o corpo, a alma é santificada pela operação
interior do Espírito Santo".
Também
Sto. Agostinho (V século), assim se exprime no seu livro contra Petiliano:
"O
Sacramento do Crisma não é inferior em santidade ao próprio Batismo.
Por
tudo o que acabamos de dizer fica suficientemente provado que o Crisma é um
Sacramento e que os protestantes, rejeitando-o dão prova duma grande presunção,
porque negam uma doutrina que é claramente ensinada pela Sagrada Escritura e
admitida pelos cristãos de todos os tempos.
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Autor:
Frei Damião Bozzano, Missionário Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur:
Frei Otávio de Terrinca, ofmcap - 20/08/1953
Editora:
Paulinas - 3 Edição - 1955
Fonte
Livro(PDF):
Frei Damião - Em Defesa da Fé
<http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/04/o-peregrino-de-deus.html>
Para
citar
BOZZANO,
Frei Damião. Em Defesa da Fé: VIII. Confirmação ou Crisma. Disponível em < http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/04/frei-damiao-bozzano-viii-confirmacao-ou-crisma.html>
Desde 25/04/2016.
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