sexta-feira, 17 de junho de 2016

XXII - Intercessão da Virgem Ssma. e dos Santos

------------------------------------------------------------------------------------------
XXII - Intercessão da Virgem Ssma. e dos Santos
Frei Damião de Bozzano
------------------------------------------------------------------------------------------
Nós católicos, além de dirigirmos as nossas orações a Jesus Cristo, recorremos também à intercessão da Virgem Maria e dos Santos. Podemos fazê-lo? Os protestantes negam. A Igreja, pelo contrário, nos responde que podemos fazê-lo e com muito proveito.

Eis as provas:

Um justo que mora aqui na terra pode rogar a Deus por nós e alcançar-nos graças.

De fato diz Jesus Cristo: "Orai pelos que vos perseguem e caluniam". (Mt 5, 44). E S. Tiago nos assegura da eficácia desta oração, feita pelos outros, dizendo: "Orai uns pelos outros, porque a oração do justo muito pode"(Tg. 5, 17 ). Por isso o apóstolo S.  Paulo sempre se recomendava às orações do fiéis e na sua epístola aos romanos (15, 30) dizia-lhes: "Rogo-vos, irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito Santo, que me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus".

Ora, se um justo sobre a terra pode rogar a Deus por nós a alcançar-nos graças, muito mais o pode um justo no céu, um santo. Digo "muito mais", porque um santo no céu está mais unido a Deus pelo vínculo do amor, da caridade.

— Mas a Virgem Maria e os Santos não ouvem as nossas orações, não conhecem as nossas necessidades — dizem os protestantes.

Por exemplo: alguém aqui pede uma graça à Virgem Maria, outros, ao mesmo tempo, pedem outras graças na Europa, na África, na Ásia, na Austrália. Como é que  Ela pode ouvir estas orações, que lhe são dirigidas de vários pontos da terra? Seria preciso que se achasse, ao mesmo tempo, na América, na Europa, na África, na Ásia, na Austrália e em toda parte. Ora, em toda parte está somente Deus.

É inútil, portanto, recorrermos à intercessão da Virgem Maria e dos Santos.

Resp. — É verdade que a Virgem Maria e os Santos não se acham em toda parte; mas é absolutamente falso que Maria e os Santos não ouçam as nossas orações e não conheçam as nossas necessidades, pois a Bíblia nos ensina que os Santos conhecem os acontecimentos da terra e conhecem até mesmo os nossos pensamentos, desejos e afetos.

Os Santos conhecem os acontecimentos da terra, de fato lemos no Apocalipse (2, 26): "Aquele que vencer e guardar as minhas palavras até o fim, dar-lhes-ei poder sobre todas as nações e as governará".

Ora, os Santos venceram na luta contra o demônio, contra a carne, contra as paixões e guardaram até o fim as palavras divinas.

Logo governam as nações, o mundo. E se governam o mundo, é claro que conhecem os acontecimentos do mundo.

Os Santos conhecem até mesmo nossos pensamentos desejos e afetos.

De fato, "Os Santos no céu são como os anjos de Deus"(Mt 22, 30) "Eles são iguais aos anjos". (Lc 20, 36).

Ora, os anjos conhecem nossos pensamentos, desejos e afetos.

Logo conhecem também os Santos.

E que os anjos conheçam nossos pensamentos, desejos e afetos é claro pelo testemunho do próprio Jesus Cristo, pois, declara que há alegria entre os anjos de Deus, quando um pecador faz penitencia". (Lc 15, 10).

A penitencia é um afeto interior da alma e os anjos o podem ver, porque se regozijam quando um pecador faz penitência. Portanto vêem o que se passa na alma, no coração, daquele pecador.

E o mesmo, repito-o, deve-se dizer relativamente dos Santos, visto que são iguais aos anjos.

E de que maneira os Santos conhecem os acontecimentos da terra e conhecem até mesmo os nossos pensamentos, desejos e afetos?

Em Deus. Ele é a própria ciência infinita conhecendo-se a si mesmo, conhece tudo: o presente, o passado, o futuro, ou melhor, não há para Ele nem passado, nem futuro, mas tudo é presente.

Ora, os Santos vêem a Deus face a face diretamente como é em si. Portanto em Deus conhecem os acontecimentos da terra, e conhecem até mesmo os nossos pensamento, desejos e afetos. E conhecendo-os, podem muito bem rogar a Deus por nós e alcançar-nos as graças.

E de resto Jesus o afirma claramente, dizendo: "Granjeai amigos com o dinheiro da iniquidade; afim de que, quando vierdes a precisar, vos recebam nos tabernáculos eternos". (Lc 16, 9).

Quem são esses amigos? São os Santos, que nos podem ajudar especialmente no dia da prestação das contas, que é justamente o dia da nossa morte.

E entre todos os Santos quem mais pode é, sem dúvida, a Virgem SSma. por ser a Mãe de Deus. Veremos em seguida que lhe convém perfeitamente este título.

Somente digo aqui que também no céu o conserva, pois é preciso notar que a visão beatífica de Deus faz de todos os eleitos uma só família de uma só alma e de um só coração; mas não são por isto apagadas as nobres afeições de pai, de mãe, de esposo, de filho, de amigo. Deus as gravou no coração humano com a força da natureza, não as destrói na glória. Deus que nem sequer destrói os seres inanimados, mas, assim como diz S. Pedro, fará novos céus e novas terras; muito menos destrói as nobres afeições da alma, que para ele vale muito mais do que todo o mundo visível.

Portanto, Maria no céu, continua a ser Mãe de Jesus Cristo e Jesus Cristo no céu continua a ser Filho obsequioso da Virgem SSma. Se, pois Ela lhe pedir graça, misericórdia, é impossível que não seja atendida. Também nós, ainda que sejamos tão maus, por pouco que amemos nossa mãe, sempre estamos dispostos a favorecê-la.

Muito mais Jesus Cristo sempre esta disposto a favorecer a sua Mãe, ele que é o mais amante dos filhos.

Mas então — dizem os protestantes — como se explicam aqueles textos da Sagrada Escritura, em que se afirma que "há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo?" e que "só há um nome que foi dado aos homens, para se salvarem: O nome de Jesus".

É fácil responder a essa objeção. Note-se bem: As graças que nos fazem a Virgem SSma. e os Santos, não são deles, e sim de Jesus. É Jesus a fonte de todas as graças; é ele o Pai Celestial que nos abençoa e nos salva. Maria e os Santos com a sua intercessão fazem com que essas graças mais facilmente e mais cedo cheguem a nós.

Posso explicar essa doutrina com uma comparação: Suponhamos que eu tenha necessidade de alcançar uma graça do Sr. Governador do Estado. Sei que é muito bom e que costuma atender aos pedidos de seus súditos.

Mas para alcançar mais facilmente a graça, que faço? no palácio do governo tenho um amigo que é favorecido do Governador. A ele recorro, afim de que me apresente ao mesmo e lhe diga uma palavrinha a meu favor. Nesse caso mais facilmente alcanço a graça do que se me apresentasse sozinho. E ainda mais facilmente alcançaria a graça se me apresentasse juntamente com a sua digna mãe. Conheço a mãe do Governador, e lhe rogo que se digne interceder por mim junto a seu filho.

Faço o pedido, a boa senhora interpõe também por mim: "Meu filho — lhe diz — deves conceder este favor a este homem; sou eu quem te peço, eu que te dei a vida".

E que pode o Governador diante disto? Ainda que não tivesse vontade de conceder o favor, tem que concedê-lo, diante da súplica daquela que lhe deu o ser.

Pois bem, é justamente isto que fazemos, nós católicos, quando recorremos à intercessão da Virgem Maria e dos Santos. Sabemos que o único mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo; sabemos que só nos podemos salvar por Jesus Cristo; mas, outrossim sabemos que junto ao trono de Jesus, estão os Santos, que são seus amigos; sabemos que junto ao trono de Jesus está a sua Mãe Santíssima, que tem um poder imenso sobre seu coração adorável; por isso recorremos aos Santos e, sobretudo, à Nossa Senhora, afim de que interponha a sua intercessão e nos alcance de Jesus, seu Filho, as graças que precisamos e a própria salvação eterna.

Quem ousará afirmar que essa doutrina é contraria aos ensinamentos da Bíblia?

Continuemos, pois, a ser devotos de Nossa Senhora e dos Santos e invoquemo-los todos os dias de nossa vida.
------------------------------------------------------------------------------------------
Autor: Frei de Damião Bozzano, Missionário Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur: Frei Otávio de Terrinca, ofmcap - 20/08/1953
Editora: Paulinas - 3 Edição - 1955

Fonte

Para citar este artigo
BOZZANO, Frei Damião. Em Defesa da Fé: XXII. Intercessão da Virgem Ssma. e dos Santos. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/06/0059-intercessao-da-virgem-ssma-e-dos-santos.html> Desde 17/06/2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário