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XXIV – Virgindade de
Nossa Senhora
Frei Damião de Bozzano
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A perfeita virgindade
de Nossa Senhora é uma verdade revelada por Deus, definida pela Igreja, em que
devemos crer, assim como cremos nos mistérios da SSma. Trindade, da Encarnação
e nos dogmas do Credo.
Maria foi sempre
virgem antes do parto, no parto e depois do parto.
Maria foi virgem antes
do parto.
Já Isaías o tinha
predito: "Eis que uma virgem conceberá"(Isaías 7, 14) e às palavras do
profeta respondeu a realidade. De fato o Evangelista atesta que o Arcanjo S.
Gabriel foi enviado por Deus a uma Virgem desposada com José. E quando lhe
propôs a divina maternidade, muito se perturbou e não a aceitou, senão depois
de lhe ter sido assegurado que a sua virgindade não teria sofrido detrimento.
Eis a cena tal como a conta.
o Evangelho:
"Como se dará
isso? — perguntou Maria ao anjo — pois não conheço varão?" Respondeu-lhe o anjo, dizendo: "O
Espírito Santo descerá sobre Ti e a força do Altíssimo te cobrirá com sua
sombra". Somente Maria deu o seu consentimento, dizendo: "Eis aqui a
escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra". (Lc 1, 34 e Seg.).
Maria foi virgem no
parto. Com efeito, Isaías não somente diz que uma virgem conceberá, mas também
que dará à luz um filho. Oráculo este que se realizou em Maria, conforme atesta
S. Mateus.
Nota — que na profecia
de Isaías se trata de uma pessoa que concebe e dá à luz, sendo e permanecendo
virgem, é manifesto, pois se trata de um sinal prodigioso.
Ora, que uma virgem se
case e pelas relações com seu esposo chegue a ser mãe; não é um caso nem um
sinal prodigioso.
O prodígio está,
portanto, em que essa mãe era e permanecerá virgem.
Como do seio da aurora
surge resplandecente o sol; como o raio penetra o cristal sem quebrá-lo; como a
plácida estrela emite o seu esplendor e a rosa o seu perfume, conservando
todavia a sua integridade, assim também do seio de Maria veio o Salvador, sem
absolutamente lesar a sua virgindade.
O próprio bom senso
nos diz que o milagre, que Lhe guardou a sua virgindade no dia da Encarnação,
nenhum sentido teria tido, se devesse cessar no momento da natividade.
Maria foi virgem
depois do parto.
Prova-se pela Sagrada
Escritura.
Quando o Arcanjo S.
Gabriel anunciou à Maria que devia conceber e dar à luz um filho, ela
respondeu: "Como se fará isto, se não conheço nenhum varão?"Com o que
lhe quis dizer: — Tenho um sério impedimento, que me veda de ser mãe: é a
promessa de perpétua virgindade que fiz, e que jamais deixarei de cumprir
fielmente.
Com efeito, se assim
não fosse porque essa sua pergunta ao Arcanjo? Não seria ela descabida,
estulta, inepta?
Bem lhe podia
retorquir o Arcanjo: — Se atualmente o desconheces, ó Maria, logo o conhecerás;
não é José teu esposo?
Portanto, as palavras
de Maria: "Não conheço varão, não significam": "atualmente não
conheço varão, mas sim: "Não me é permitido, não posso conhecer
varão".
E se Maria fez esta
promessa, não há quem possa razoavelmente duvidar de que a tivesse observado
até à morte.
"Que Maria se
conservasse sempre virgem — diz o próprio protestante Pearson — se infere
necessariamente do privilégio eminentíssimo e sem igual de ser Mãe de Deus; da
honra e reverência devida a tal Filho e que Maria sempre Lhe tributou; do respeito
ao Espírito Santo que descera sobre Ela; do poder do Altíssimo que a cobriu com
a sua sombra e, finalmente, da piedade singular do seu esposo José".
(Explicação do Credo, pag. 173).
O Evangelho diz:
"Estando já Maria, desposada com José, antes de coabitarem, se achou ter
concebido por obra do Espírito Santo" — E "ele (José) não a conheceu enquanto
não deu à luz a seu primogênito".
Logo concluem os
protestantes — coabitaram depois; a conheceu depois.
Resp. — No Salmo 109:
lemos "disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita até que
ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés."; poder-se-á então deduzir
que quando o Pai Celestial tiver submetido a Jesus Cristo os seus inimigos, Ele
(Jesus) deixará de sentar-se à sua direita? Não.
Da mesma forma, o não
ter José coabitado com Maria; o não tê-la conhecido até dar à luz o seu
primogênito, não traz, como consequência necessária, que coabitassem depois,
que a conhecesse depois. O santo Evangelista, nas passagens alegadas, quis apenas
nos dizer o que não se tinha feito.
— S. Mateus e S. João
chamavam a Jesus primogênito de Maria. Que isto dizer que ela teve outros
filhos além de Jesus.
Resp. — Na Sagrada
Escritura — primogênito se denomina aquele que foi gerado primeiro, quer tenha
nascido outro depois dele ou não. De fato no Êxodo cap. 34 e Num. c. 18 Deus
prescreveu que todos os primogênitos Lhe sejam consagrados. Ora, nessa lei a
palavra — primogênito significa simplesmente aquele que primeiro sai do ventre
materno, afim de que, o que antes tinha nascido começasse o ser primogênito; mas
logo depois de um mês devia ser remido. (Num 18)
— O evangelho fala dos
irmãos de Jesus (Mt. 13, 54). Logo Maria teve outros filhos além de Jesus
Cristo.
Resp. — É verdade que
o Evangelho fala dos irmãos de Jesus, mas em lugar algum diz que são filhos de
Maria.
Para a justa
compreensão do citado texto do Evangelho é preciso notar que a Sagrada
Escritura muitas vezes emprega a palavra — irmãos — para designar parentes de
linha colateral. É assim por exemplo, que Abraão chama a Lot de seu irmão,
embora fosse apenas seu sobrinho (Gen 13, 14), e Labão diz a Jacó (seu primo em
segundo grau) "acaso, porque és meu irmão, deves tu me servir de graça?
Dizei-me, pois, que paga queres?". (Gen 29, 15).
Portanto, quando o
Evangelho fala dos irmãos de Jesus, refere-se aos seus primos. E tanto é
verdade que o mesmo Evangelho nos diz o nome do pai e da mãe desses irmãos de
Jesus.
Com efeito, estes
supostos irmãos, conforme lemos e Mateus (13, 56) são: Tiago, José, Simão e
Judas Tadeu. Ora Tiago era filho de Alfeu ou Cleofas (Lc 61, 15) e sua mãe era
Maria, irmã da SSma. Virgem (Jo 19, 25). Portanto os outros três tinham os mesmos
pais; e por conseguinte, não eram filhos de Maria Santíssima.
Além disso Nosso
Senhor prestes a morrer, confiou sua Mãe ao Apostolo S. João; o que por certo,
não teria feito, se Maria tivesse outros filhos.
Aleguei as razões que
nos demonstram a virgindade perpétua de Nossa Senhora e refutei as em
contrário. Fica, pois demonstrado que Maria foi sempre Virgem: Virgem antes do
parto, no parto e depois do parto.
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Autor:
Frei de Damião Bozzano, Missionário Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur:
Frei Otávio de Terrinca, ofmcap - 20/08/1953
Editora:
Paulinas - 3 Edição - 1955
Fonte
Livro(PDF):
Frei Damião - Em Defesa da Fé <http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2014/04/o-peregrino-de-deus.html>
Para
citar este artigo
BOZZANO,
Frei Damião. Em Defesa da Fé: XXIV. Virgindade de Nossa Senhora. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/06/0061-virgindade-de-nossa-senhora.html>
Desde 17/06/2016.
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