sexta-feira, 17 de junho de 2016

XXIV - Virgindade de Nossa Senhora

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XXIV – Virgindade de Nossa Senhora
Frei Damião de Bozzano
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A perfeita virgindade de Nossa Senhora é uma verdade revelada por Deus, definida pela Igreja, em que devemos crer, assim como cremos nos mistérios da SSma. Trindade, da Encarnação e nos dogmas do Credo.

Maria foi sempre virgem antes do parto, no parto e depois do parto.

Maria foi virgem antes do parto.

Já Isaías o tinha predito: "Eis que uma virgem conceberá"(Isaías 7, 14) e às palavras do profeta respondeu a realidade. De fato o Evangelista atesta que o Arcanjo S. Gabriel foi enviado por Deus a uma Virgem desposada com José. E quando lhe propôs a divina maternidade, muito se perturbou e não a aceitou, senão depois de lhe ter sido assegurado que a sua virgindade não teria sofrido detrimento. Eis a cena tal como a conta.

o Evangelho:

"Como se dará isso? — perguntou Maria ao anjo — pois não conheço varão?"  Respondeu-lhe o anjo, dizendo: "O Espírito Santo descerá sobre Ti e a força do Altíssimo te cobrirá com sua sombra". Somente Maria deu o seu consentimento, dizendo: "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra".  (Lc 1, 34 e Seg.).

Maria foi virgem no parto. Com efeito, Isaías não somente diz que uma virgem conceberá, mas também que dará à luz um filho. Oráculo este que se realizou em Maria, conforme atesta S. Mateus.

Nota — que na profecia de Isaías se trata de uma pessoa que concebe e dá à luz, sendo e permanecendo virgem, é manifesto, pois se trata de um sinal prodigioso.

Ora, que uma virgem se case e pelas relações com seu esposo chegue a ser mãe; não é um caso nem um sinal prodigioso.

O prodígio está, portanto, em que essa mãe era e permanecerá virgem.

Como do seio da aurora surge resplandecente o sol; como o raio penetra o cristal sem quebrá-lo; como a plácida estrela emite o seu esplendor e a rosa o seu perfume, conservando todavia a sua integridade, assim também do seio de Maria veio o Salvador, sem absolutamente lesar a sua virgindade.

O próprio bom senso nos diz que o milagre, que Lhe guardou a sua virgindade no dia da Encarnação, nenhum sentido teria tido, se devesse cessar no momento da natividade.

Maria foi virgem depois do parto.

Prova-se pela Sagrada Escritura.

Quando o Arcanjo S. Gabriel anunciou à Maria que devia conceber e dar à luz um filho, ela respondeu: "Como se fará isto, se não conheço nenhum varão?"Com o que lhe quis dizer: — Tenho um sério impedimento, que me veda de ser mãe: é a promessa de perpétua virgindade que fiz, e que jamais deixarei de cumprir fielmente.

Com efeito, se assim não fosse porque essa sua pergunta ao Arcanjo? Não seria ela descabida, estulta, inepta?

Bem lhe podia retorquir o Arcanjo: — Se atualmente o desconheces, ó Maria, logo o conhecerás; não é José teu esposo?

Portanto, as palavras de Maria: "Não conheço varão, não significam": "atualmente não conheço varão, mas sim: "Não me é permitido, não posso conhecer varão".

E se Maria fez esta promessa, não há quem possa razoavelmente duvidar de que a tivesse observado até à morte.

"Que Maria se conservasse sempre virgem — diz o próprio protestante Pearson — se infere necessariamente do privilégio eminentíssimo e sem igual de ser Mãe de Deus; da honra e reverência devida a tal Filho e que Maria sempre Lhe tributou; do respeito ao Espírito Santo que descera sobre Ela; do poder do Altíssimo que a cobriu com a sua sombra e, finalmente, da piedade singular do seu esposo José". (Explicação do Credo, pag. 173).

O Evangelho diz: "Estando já Maria, desposada com José, antes de coabitarem, se achou ter concebido por obra do Espírito Santo" — E "ele (José) não a conheceu enquanto não deu à luz a seu primogênito".

Logo concluem os protestantes — coabitaram depois; a conheceu depois.

Resp. — No Salmo 109: lemos "disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés."; poder-se-á então deduzir que quando o Pai Celestial tiver submetido a Jesus Cristo os seus inimigos, Ele (Jesus) deixará de sentar-se à sua direita? Não.

Da mesma forma, o não ter José coabitado com Maria; o não tê-la conhecido até dar à luz o seu primogênito, não traz, como consequência necessária, que coabitassem depois, que a conhecesse depois. O santo Evangelista, nas passagens alegadas, quis apenas nos dizer o que não se tinha feito.

— S. Mateus e S. João chamavam a Jesus primogênito de Maria. Que isto dizer que ela teve outros filhos além de Jesus.

Resp. — Na Sagrada Escritura — primogênito se denomina aquele que foi gerado primeiro, quer tenha nascido outro depois dele ou não. De fato no Êxodo cap. 34 e Num. c. 18 Deus prescreveu que todos os primogênitos Lhe sejam consagrados. Ora, nessa lei a palavra — primogênito significa simplesmente aquele que primeiro sai do ventre materno, afim de que, o que antes tinha nascido começasse o ser primogênito; mas logo depois de um mês devia ser remido. (Num 18)

— O evangelho fala dos irmãos de Jesus (Mt. 13, 54). Logo Maria teve outros filhos além de Jesus Cristo.

Resp. — É verdade que o Evangelho fala dos irmãos de Jesus, mas em lugar algum diz que são filhos de Maria.

Para a justa compreensão do citado texto do Evangelho é preciso notar que a Sagrada Escritura muitas vezes emprega a palavra — irmãos — para designar parentes de linha colateral. É assim por exemplo, que Abraão chama a Lot de seu irmão, embora fosse apenas seu sobrinho (Gen 13, 14), e Labão diz a Jacó (seu primo em segundo grau) "acaso, porque és meu irmão, deves tu me servir de graça? Dizei-me, pois, que paga queres?". (Gen 29, 15).

Portanto, quando o Evangelho fala dos irmãos de Jesus, refere-se aos seus primos. E tanto é verdade que o mesmo Evangelho nos diz o nome do pai e da mãe desses irmãos de Jesus.

Com efeito, estes supostos irmãos, conforme lemos e Mateus (13, 56) são: Tiago, José, Simão e Judas Tadeu. Ora Tiago era filho de Alfeu ou Cleofas (Lc 61, 15) e sua mãe era Maria, irmã da SSma. Virgem (Jo 19, 25). Portanto os outros três tinham os mesmos pais; e por conseguinte, não eram filhos de Maria Santíssima.

Além disso Nosso Senhor prestes a morrer, confiou sua Mãe ao Apostolo S. João; o que por certo, não teria feito, se Maria tivesse outros filhos.

Aleguei as razões que nos demonstram a virgindade perpétua de Nossa Senhora e refutei as em contrário. Fica, pois demonstrado que Maria foi sempre Virgem: Virgem antes do parto, no parto e depois do parto.  
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Autor: Frei de Damião Bozzano, Missionário Capuchinho: Em Defesa da Fé.
Imprimatur: Frei Otávio de Terrinca, ofmcap - 20/08/1953
Editora: Paulinas - 3 Edição - 1955

Fonte

Para citar este artigo
BOZZANO, Frei Damião. Em Defesa da Fé: XXIV. Virgindade de Nossa Senhora. Disponível em <http://amigos-catolicos-evangelizadores.blogspot.com/2016/06/0061-virgindade-de-nossa-senhora.html> Desde 17/06/2016.

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