QUARTA CARTA - A FÉ
PODE AUMENTAR OU SE PERDER
Pe. Emmanuel-André
Como Aumenta – Como se Perde
A Fé pode aumentar, a Fé pode diminuir
e se perder. A Fé, consistindo essencialmente na adesão de nosso espírito à
verdade revelada, aumenta ou diminui segundo seja a adesão mais ou menos firme.
Ora, sendo a alma humana ativa por
natureza, é indispensável que sua Fé aumente ou diminua. Ela aumenta se a alma
avança no conhecimento do Pai e do Filho e do Espírito Santo, se a alma penetra
melhor nas verdades do Credo, em uma palavra, se a alma progride no caminho da
verdade.
Mas como a Fé requer, juntamente com
assentimento do espírito, o movimento de piedade da vontade que quer crer,
evidentemente a Fé também pode e deve crescer pelo caminho da vontade que se
submete cada vez mais docilmente, cada vez mais amorosamente à verdade divina.
Assim, duas coisas ajudarão singularmente a Fé em seu progresso, a saber: a
instrução e a piedade. A instrução, o cristão a encontrará na pregação, no
Catecismo, nas leituras santas; a piedade consistirá sobretudo na fidelidade às
promessas do batismo; o cristão ajudado pela oração e pelos sacramentos,
crescerá na Fé.
Todo cristão que quer crescer na Fé,
deve vigiar com redobrada atenção contra tudo que for capaz de enfraquecer a
Fé. Ele deve tomar cuidado para não se deixar levar pelas máximas deste mundo,
pois o mundo, enquanto mundo, só se ocupa das coisas sensíveis; a Fé, ao
contrário, nos mostra o preço inestimável das coisas invisíveis. O mundo só vê
o presente; a Fé, que nos esclarece tanto sobre o passado quanto sobre o
presente, nos faz velar principalmente sobre o futuro. O mundo está todo
voltado para os gozos da terra; a Fé nos ensina que este é o tempo das
privações e das penitências e nos mostra que Deus é o único bem verdadeiro em
que podemos repousar nossas almas e esperar os verdadeiros gozos.
É preciso pois velar para permanecer
fiel, quer dizer, crente. E quem assim velar, verá infalivelmente crescer em
sua alma as luzes tão doces, tão serenas da verdade eterna; e quanto mais
entrar nesta luz, mais ele provará o quanto o Senhor é doce, o quanto é
precioso e inestimável o dom da Fé. Ao contrário, toda alma que não velar, que
se deixar embalar pelas promessas insignificantes de um mundo que nada tem, que
nada sabe, que nada pode, toda alma que não velar, verá sua Fé diminuir para em
seguida se perder completamente.
Se tivéssemos olhos para ver o
lamentável espetáculo das almas que perdem a Fé, não teríamos lágrimas que
chegassem para chorar tão grande infelicidade.
Alguns perdem a Fé logo depois do
batismo; esses não receberam a instrução cristã necessária, e suas almas nunca
fizeram o ato de Fé. Privado de seu ato, o hábitus posto em suas almas no dia
do batismo foi facilmente reduzido a nada. É muito raro que as almas que
perderam a Fé nestas condições a tornem a encontrar. Elas tornam-se estranhas a
Deus e a Nosso Senhor Jesus Cristo e vivem apenas uma vida terrestre, triste
prelúdio de uma morte eterna.
Outros perdem a Fé pouco depois da
primeira comunhão. Esses entram em um mundo descrente do qual não desconfiam, e
imaginam que eles é que foram ingênuos por terem acreditado um pouco. Se chega
o pecado mortal, coisa fácil de acontecer, será fácil também perder a Fé e
fechar os olhos à pura luz que os havia tornado tão felizes no dia de sua
primeira comunhão.
Ainda outros perdem a Fé nas escolas.
Tanto escolas primárias como escolas superiores, fazem freqüentemente os
batizados perderem a Fé. Aí não se ensina a conhecer o único e verdadeiro Deus,
a saber o Pai e o Filho e o Espírito Santo; as escolas primárias têm como
principal objetivo a formação do plural e do sistema métrico; às superiores só
interessa o diploma de bacharel e de doutor. Sem falar daquelas onde se ensina
consciente e propositadamente a impiedade, o indiferentismo ou mesmo o ateísmo.
Finalmente, há os que perdem a Fé pelos
interesses materiais. Preocupados demais com os negócios, entregues
inteiramente a especulações financeiras, esquecem seu batismo, negligenciam o
cuidado com sua alma, não vivem mais da Fé, não velam mais para que sua Fé seja
alimentada e perdem-na, talvez mesmo sem sentir.
Ó Deus, Deus meu, vós que por vossa
graça nos haveis dado a Fé, por esta mesma graça conservai-nos na Fé!
Cartas sobre a Fé – Pe. Emmanuel-André
Fonte: Pe. Emmanuel-André.
Cartas sobre a Fé. Disponível em <http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2012/01/cartas-sobre-fe-pe.html>
Desde 17 de Janeiro de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário