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Cristo
Jesus, o Sacramento Primordial
Dom Henrique Soares da
Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Com este artigo vamos começar uma série de
meditações sobre os sacramentos. O que são? quem os instituiu? qual o sentido
de cada um deles? como são celebrados? como bem participar deles? São questões
que veremos nesta nova série de temas teológicos.
Antes de mais nada é importante compreender que
não podemos falar corretamente dos sacramentos sem começar falando de Jesus
Cristo: é ele o sacramento primordial, a fonte de todos os sacramentos.
Vejamos vem isso!
Que é um sacramento? É um sinal eficaz da presença
de Deus no nosso meio. Observe bem: é um sinal, ou seja, recorda,
comunica, exprime, evoca, torna-nos presente uma realidade que de outro modo
poderia estar ausente; este sinal é eficaz: não somente recorda, não
somente torna presente na lembrança, mas realmente faz acontecer, faz agir
aquilo que significa. É por isso que dizemos que o sacramento é um sinal
eficaz. Tomemos como exemplo a bandeira do Brasil: “a lembrança da Pátria nos
traz!” A bandeira é um sinal do Brasil; mas não é um sinal eficaz: a bandeira é
a bandeira e o Brasil é o Brasil! Ela é um sinal meramente convencional,
exterior. Já com os sacramentos a coisa é diversa: a Eucaristia, por exemplo:
aquele pão representa Cristo, é sinal de Cristo... mas, não é somente um
sinal... é, realmente, Cristo presente no seu Corpo ressuscitado! Então, o
sacramento sinaliza e faz acontecer o que foi sinalizado! “Re-presenta”, ou
seja, torna realmente presente! É esta a primeira idéia que devemos ter quando
falamos em sacramentos.
Como foi dito acima, o Sacramento primordial é Cristo Jesus: ele é o Sacramento do Pai: “Ele é a imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), ele é a presença real, eficaz, verdadeira do Pai entre nós: “Quem me vê, vê o Pai; eu estou no Pai e o Pai está em mim” (cf. Jo 14,9,10). Nas palavras de Jesus é o Pai quem nos fala, nos seus gestos é o Pai quem nos estende a mão, no seu carinho para com os pobres, os fracos, os pecadores, é o Pai quem manifesta a sua ternura... em toda a sua vida entre nós é o Pai quem nos reconcilia consigo. Muitíssimas vezes a Escritura afirma isso: “No princípio era o Verbo e o Verbo era Deus... e o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória. A graça e a verdade nos vieram por Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer” (Jo 1,1.14.17-18). Jesus é Deus como o Pai; nele, Filho amado, é a própria vida, a própria presença do Pai que nos é dada; por isso o Evangelista diz: a graça e a verdade do Pai nos vieram por Jesus Cristo!
Outro exemplo desta realidade maravilhosa está
na exclamação do próprio povo diante das ações de Jesus: “Um grande profeta
surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16). Quando Jesus curou o
endemoninhado de Gerasa, dá a seguinte ordem ao homem curado: “Vai para tua
casa e para os teus e anuncia-lhes o que fez por ti o Senhor na sua
misericórdia” (Mc 5,19). Em Jesus é o Senhor (o Pai) quem age! Por isso
mesmo o próprio Jesus, quando foi criticado porque acolhia os pecadores,
justificou sua atitude contando as três parábolas da misericórdia, mostrando
que ele era amigo dos pecadores porque seu Pai também o era (cf. Lc 15). Tantas
frases de Jesus mostram que ele é esta presença de Deus: “O meu Pai trabalha
sempre e eu também trabalho” (Jo 5,17). “Eu falo o que vi de meu Pai”
(Jo 8,38). “Eu estou no Pai e o Pai está em mim. As palavras que vos digo,
não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que permanece em mim realiza suas obras”
(Jo 14,10-11).
Por tudo isso, Jesus Cristo é o sacramento do
Pai: nele está a vida que vem do Pai (cf. Jo 1,4). Entrar em contato com o
Cristo morto e ressuscitado é entrar em contato com a vida do próprio Deus, a
vida que o Pai derrama sobre seu Filho na potência do Espírito Santo. Já vimos
isso muitas vezes nos artigos passados: o Filho Jesus morto e ressuscitado como
homem, recebeu do Pai o Espírito Santo, Espírito de vida, força e poder, e
derramou sobre nós: “Exaltado pela direita de Deus, ele (Jesus) recebeu do
Pai o Espírito Santo prometido e o derramou” (At 2,33). Então, o caminho
pelo qual a humanidade pode caminhar para realmente encontrar Deus é Jesus,
sacramento (sinal eficaz, verdadeiro, potente, ativo) da presença divina entre
nós. É por tudo isso que dissemos que Jesus é o Sacramente primordial de Deus!
Não adianta pedir como Filipe: “Mostra-nos o Pai e isto nos basta!” (Jo
14,8). A resposta será sempre a mesma: “Quem me vê, vê o Pai. Eu estou no
Pai e o Pai está em mim. Eu e o Pai somos um!” (Jo 14,9-11).
No próximo artigo continuaremos, desenvolvendo
este tema! Somente assim você poderá compreender bem o significado e a
importância dos sete sacramentos! Até lá!
Fonte:
Dom
Henrique Soares da Costa. Cristo Jesus, o Sacramento Primordial. Disponível em <
http://domhenrique.com.br/index.php/sacramentos/sacramentos-em-geral/154-cristo-jesus-o-sacramento-primordial>
Desde 28 de Dezembro de 2008.
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