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O Sacramento
da Confirmação - III
Dom Henrique Soares da
Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Depois de termos visto a fundamentação bíblica
para o Sacramento da Confirmação, veremos como a celebração deste sacramento
desenvolveu-se no decorrer da história. Para isto seguiremos muito de perto o
Catecismo da Igreja Católica.
Nos primeiros séculos o Batismo e a Confirmação
eram celebrados conjuntamente, era uma espécie de “sacramento duplo”, como
dizia o santo Bispo Cipriano de Cartago, no século III. O recém batizado,
chamado neófito (que significa neo-luminado), logo ao sair da água, era ungido
pelo Bispo com o santo Crisma, o óleo que significava o dom do Espírito Santo.
Por exemplo, a Didaqué, o primeiro catecismo da Igreja, escrito no final do
século I, prescreve assim o rito do Batismo e da Confirmação: “Primeiramente
ungirás com o óleo, depois batizarás com água e terminarás selando com o
Crisma, para que a unção seja participação do Espírito Santo”. Observemos bem:
a unção com óleo antes do Batismo é aquela que hoje o sacerdote faz no peito do
que será batizado: a unção com o óleo dos catecúmenos, que simboliza a força de
Cristo para que o que será batizado possa combater o Diabo. Depois a Didaqué
fala em selar com o Crisma. Aqui, sim, temos o sacramento da Confirmação! Esta
unção era feita pelo Bispo, sucessor dos Apóstolos e pai da Comunidade.
Trata-se da unção que da a participação no Espírito Santo, no sentido que vimos
nos artigos passados.
Com o multiplicar-se do Batismo de crianças e o
crescimento das paróquias rurais não era mais possível a presença do Bispo no
momento do Batismo. No Ocidente começou-se, então, a separar o Batismo
(administrado pelo sacerdote) da Confirmação (reservada ao Bispo, que crismaria
depois, quando visitasse a paróquia); já no Oriente continuou-se a administrar
os dois sacramentos juntos, mas quem crismava já não era o Bispo (que não
estava presente), mas o próprio sacerdote. Porém crismava com o óleo consagrado
pelo Bispo. Hoje, no Ocidente, o sacerdote somente pode crismar se batizar já
alguém adulto; aí sim, ele batiza e crisma num só rito.
Importante no rito da Confirmação são os seguintes aspectos:
a) O santo Crisma, que significa o selo do
Espírito Santo. Na Escritura o óleo é símbolo de abundância e de alegria, ele
purifica, torna ágil no combate, é sinal de cura, da beleza ao rosto e traz
saúde e força. O óleo do Crisma significa de modo todo especial a consagração
do recém-batizado a Cristo: como Jesus, ele é ungido e participa da missão do
Senhor. É importante notar que a própria palavra “Cristo” (em grego) ou
“Messias” (em hebraico) significa “Ungido”, ungido para missão. Pois bem, pela
unção com o santo Crisma, o cristão participa da unção de Cristo, ele que foi
ungido pelo Espírito Santo. Como Cristo e em nome de Cristo, o crismado deve
difundir no mundo o “bom odor de Cristo” (2Cor 1,22). Assim, por meio dessa
unção o crismado recebe a marca, o selo do Espírito Santo: ele agora pertence a
Cristo e é participante da missão do Senhor: “É Deus mesmo que nos confirma em
Cristo, juntamente convosco, e nos conferiu a unção, imprimindo em nós o selo,
dando-nos o penhor do Espírito nos nossos corações” (2Cor 1,22). O santo Crisma
é consagrado pelo Bispo na Missa do Crisma, na Quinta-feira Santa pela manhã. É
importante esta presença do Bispo, porque é ele, com pai da Comunidade, quem
discerne e organiza os vários carismas e ministérios na Igreja. Assim, a
Crisma, sacramento do testemunho cristão é presidida pelo Bispo e o santo
Crisma é por ele consagrado.
b) Outro elemento importante na Confirmação é a
imposição das mãos. É um gesto que vem dos apóstolos e significa o dom do
Espírito do Cristo ressuscitado. O Bispo estende as mãos sobre os que serão
confirmados e diz: “Deus todo-poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
pela água e pelo Espírito Santo, fizestes renascer estes vossos servos...
enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o Espírito da
sabedoria e inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza”...
c) Depois disso o Bispo unge a fronte de cada
crismando dizendo: “Fulano, recebe por este sinal o Espírito Santo, Dom de
Deus”. Note-se bem: o Dom de Deus é o próprio Espírito Santo, que nos dá a
força para viver e testemunhar a vida cristã. Enquanto o Bispo unge com o dedo
polegar, a palma de sua mão deve estar na cabeça do crismando: é uma segunda
imposição das mãos, desta vez uma mão só. Este gesto de ungir com o Crisma
impondo a mão sobre o crismando é o essencial do sacramento da Confirmação.
Antigamente, depois da unção, o Bispo dava uma pequena bofetada na face do
crismado, significando que ele agora era um soldado de Cristo.
Após a unção o Bispo diz ao crismado: “A paz
esteja contigo!”, significando a comunhão na Igreja entre o que foi crismado e
o Bispo, pai de todo o rebanho.
É importante observar que o ideal é que este sacramento seja celebrado dentro da Missa, momento forte da vida da Igreja.
É importante observar que o ideal é que este sacramento seja celebrado dentro da Missa, momento forte da vida da Igreja.
Por agora é só; no próximo artigo concluiremos nossa apresentação do Sacramento da Confirmação. Até lá!
Fonte:
Dom
Henrique Soares da Costa. O Sacramento da Confirmação - III. Disponível em <
http://domhenrique.com.br/index.php/sacramentos/confirmacao/174-o-sacramento-da-confirmacao-iii>
Desde 29 de Dezembro de 2008.
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