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O
Sacramento da Eucaristia – VIII
Dom Henrique Soares da
Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Já vimos que a Eucaristia é o verdadeiro
sacrifício do Novo Testamento, sacrifício do próprio Cristo, entregue por ele À
sua Esposa, a Igreja, para que o ofereça em celebração até que ele volte.
Veremos agora que a Eucaristia é também banquete: o Altar do sacrifício é
também Mesa sagrada da refeição e da comunhão com o Senhor e os irmãos!
Antes de tudo, recordemos o Antigo Testamento
que, além dos holocaustos (figuras do sacrifício que Cristo ofereceu e se torna
presente em cada Eucaristia), conhecia também os sacrifícios de comunhão: aí se
oferecia uma parte da vítima no altar e a outra parte era consumida num
banquete pelos fiéis na presença do Senhor. O significado é belíssimo: faço refeição
com o Senhor, à mesma mesa... Recordemo-nos que, para os orientais, comer à
mesma mesa significa participar da mesma vida, da mesma sorte... significa ser
amigos. Assim, quando os fiéis comiam à mesa do Deus de Israel, queriam
exprimir a união de vida com Ele e com os outros participantes do banquete
sacrifical (cf. Lv 7,11-21; 22,29-30). Tudo isto era preparação para a comunhão
que o Senhor queria estabelecer conosco, uma comunhão inimaginável, estupenda:
ele próprio daria seu Filho, morto e ressuscitado, pleno do Espírito Santo,
como nosso alimento, como vida de nossa vida!
A Eucaristia, portanto, não somente é
sacrifício, mas também banquete, aquele banquete tantas e tantas vezes
anunciado pelos profetas! É importante insistir no significado do banquete: os
convidados partilhavam a mesma vida (que vem do alimento e da bebida), por
isso, participam da mesma alegria, da mesma intimidade, da mesma existência: na
terra de Jesus só se convidava para um banquete os amigos! É por isso que o
banquete é sinal de felicidade, de paz e de vida, porque é sinal de comunhão.
Isso era ainda mais verdadeiro e forte no banquete dado pelo rei. Somente os
altos dignitários participavam da mesa do rei. Assim, participar do banquete
real era estar em comunhão com o rei, era ver a face do rei (que poucos viam no
Oriente). Pois bem, tudo isso Deus nos concedeu na Eucaristia: “Minha carne
é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,55s).