Livro: «O Inferno
Existe - Provas e Exemplos»
CAP. 8 - SE EU FOR PARA O INFERNO NÃO ESTAREI SÓ
Servo
de Deus Pe. André Beltrami, SDB
Não há dúvidas se tivesse a desgraça de cair
no inferno (que Deus tal não permita!), não ficarás sozinho. Terás a companhia
de milhares e milhões de outras almas desventuradas que trilharam o caminho do
vício, terás a companhia dos perseguidores da Igreja, dos hereges, dos
apóstatas, terás a companhia de Lúcifer e de uma turba imensa de demônios. Mas
esta miserável sociedade diminuirá talvez o sofrimento, ou ao menos dar-te-á
algum conforto? Como te enganas!
Na terra, quando somos golpeados pela
infelicidade ou pela doença, é um alívio saber que outros são visitados pela
mesma desgraça: o seu exemplo nos dá força para tolerar com paciência os nossos
males, e dizemos: – “Coragem! há outros mais infelizes do que eu: a cruz é a
companheira inseparável da nossa peregrinação”.
Mas este alívio não o terão os condenados:
uns serão de tormentos aos outros, como os espinhos amontoados num grande feixe
se ferem mutuamente, como os tições numa enorme fornalha se acendem e se
queimam uns aos outros.
Diz S. Boaventura que os homens morreriam de
medo se vissem a um condenado com toda a sua hediondez. O que não será, então,
encontrarem-se juntos tantos réprobos que servirão de algozes uns aos outros!
Lá se encontrarão misturadas a impureza, a
intemperança, a blasfêmia, a soberba, a injustiça e todos os pecados que são a
corrupção das almas; a toda essas imundícies morais, acrescentam-se o mau cheiro
e os miasmas dos corpos que serão como cadáveres em decomposição. E se tiveres
tido a desgraça de dar escândalo com o teu mau exemplo, ah! então essas almas
te rodearão como fúrias para te atormentar, exprobrando-te por toda a
eternidade a sua condenação, da qual tu foste a causa.
“Pai desnaturado, dirá o filho, tu me deste a
vida, mas em vez de me educares na virtude, me ensinaste o vício e a
irreligião: sê maldito para sempre. Por tua causa sofro nestas chamas. – Filho
desgraçado, dirá o pai, para te enriquecer e legar muito, traí a justiça; o
amor desordenado para contigo foi a causa de minha condenação. – Companheiro
traidor, dirá o amigo, tu me roubaste a inocência, ensinando-me a malícia. Se
te não tivesse conhecido, não estaria condenado.”
E assim dizendo se atirarão uns sobre os
outros para se vingarem e desabafarem a raiva que os devora. E os demônios
tomarão formas horríveis para os atormentar e não lhes darão um instante de
trégua.
Eis aí pra que servirá a companhia de muitos!
Se eu for para o inferno, não estarei só!
dizes. Então, tu crês no inferno, crês naquele fogo eterno, nos sofrimentos
indizíveis, nos remorsos cruéis, naquele sempre e naquele nunca terríveis, e
queres ir para lá só porque outros vão? Pode haver maior estultícia, demência mais
extravagante?
Irias para a cadeia, só porque outros estão
encarcerados? Queres adoecer, porque há muitos doentes? Quem fala desse modo,
certamente não reflete no que diz. Condenar-se porque outros se condenam!
E então, porque não ir para o paraíso para
gozar aquelas delícias inefáveis que nenhum homem jamais experimentou, para
contemplar aquelas belezas que nenhum mortal jamais viu, para ouvir aquelas
harmonias que nenhuma criatura jamais ouviu? Também no paraíso não estaremos sozinhos.
Teremos a companhia de Deus e dos Anjos, de Maria SS. E dos Santos.
Se no inferno se sofrem todos os tormentos
que a justiça de Deus irritada soube inventar, no paraíso gozam-se todas as
delícias que a sua misericórdia pôde encontrar, ou melhor, é o mesmo Deus que
se manifesta aos eleitos para arrebatá-los num êxtase de louvor e admiração
eterna. Mas, para ir para o céu, é preciso deixar o pecado, praticar a virtude
e frequentar os santos sacramentos.
» CONTINUA
NO CAPÍTULO 9
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