Livro: «O Inferno
Existe - Provas e Exemplos»
CAP. 7 - A VIDA FUTURA É UM PROGRAMA INSOLÚVEL, UM PROGRAMA
TALVEZ INVENCÍVEL
Servo
de Deus Pe. André Beltrami, SDB
São as fórmulas estereotipadas que a
impiedade põe na boca dos que seguem a estrada do vício. No entanto, como se
enganam! O problema da vida futura foi plenamente resolvido pela revelação
divina e não nos deixa a menor dúvida. Não um homem sujeito a erros, mas o
mesmo Deus nos deu a conhecer o que nos espera
depois da morte, Deus, a verdade por essência, que não pode enganar-se, nem
enganar.
Mas suponhamos por um instante que haja
alguma dúvida, e que a existência dos eternos suplícios seja tão somente provável;
eu pergunto a quem tem um pouquinho de juízo, se alguém apoiando-se num talvez,
pode expor-se ao perigo de cair naquele fogo terrível. Não é verdadeira loucura
arriscar a salvação eterna? Não conviria até neste caso fazer penitência para
evitar o perigo provável de ser infeliz para sempre? Não seria prudente o
caminho mais seguro?
Dois incréus entraram um dia na cela dum
anacoreta e vendo uns instrumentos de penitência, perguntaram-lhe porque vivia
assim tão austeramente.
– Para merecer o paraíso, respondeu o
anacoreta.
– Bom Padre, lhe disseram eles sorrindo, V.
R. sairá logrado se depois da morte não houver mais nada.
E o santo homem olhando-os com ar de
compaixão:
– Maior o logro de vossas senhorias, se
depois da morte houver alguma coisa!
*
* *
Narra o Padre Schouppe, que um jovem,
pertencente a uma família católica da Holanda, por causa de leituras perigosas,
teve a desgraça de perder o tesouro da fé e cair em completa indiferença; pelo
que seus pais, e especialmente sua mãe, mulher de grande piedade, estavam
tristíssimos. Debalde lhe repetia, qual nova Mônica, as mais graves verdades da
nossa Fé, em vão o exortava com as lágrimas nos olhos a volta a Deus; ele se
torna surdo e insensível a tudo.
Mas, só para agradar a mãe, resolveu passar
uns dias numa casa religiosa para fazer retiro espiritual, ou, como ele mesmo
dizia, retirar-se um pouco para fumar mais sossegado. Ouvia muito
distraidamente os sermões que se faziam aos retirantes; logo depois ia fumar,
pouco se importando de meditar no que ouvira. Veio a meditação sobre o inferno,
que parecia ter ele ouvido como as outras, mas voltando para a cela, enquanto
fumava como de costume, surgiu-lhe na mente, mau grado seu, essa reflexão:
– “Se de fato existe evidentemente será para
mim… e afinal de contas, como sei que não existe? Devo confessar que não tenho
nenhuma certeza a esse respeito, que para estribar as minhas ideias não tenho
senão um talvez. Isso de expor-se por um talvez ao perigo de sofrer por toda a
eternidade é mesmo uma extravagância sem limites; se há tais néscios, não quero
imitar.”
Dessas reflexões passa à oração; a graça
penetra na sua alma, dissipam-se-lhe as dúvidas e levanta-se convertido.
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