terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O Sacramento da Eucaristia – VIII

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O Sacramento da Eucaristia – VIII
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Já vimos que a Eucaristia é o verdadeiro sacrifício do Novo Testamento, sacrifício do próprio Cristo, entregue por ele À sua Esposa, a Igreja, para que o ofereça em celebração até que ele volte. Veremos agora que a Eucaristia é também banquete: o Altar do sacrifício é também Mesa sagrada da refeição e da comunhão com o Senhor e os irmãos!

Antes de tudo, recordemos o Antigo Testamento que, além dos holocaustos (figuras do sacrifício que Cristo ofereceu e se torna presente em cada Eucaristia), conhecia também os sacrifícios de comunhão: aí se oferecia uma parte da vítima no altar e a outra parte era consumida num banquete pelos fiéis na presença do Senhor. O significado é belíssimo: faço refeição com o Senhor, à mesma mesa... Recordemo-nos que, para os orientais, comer à mesma mesa significa participar da mesma vida, da mesma sorte... significa ser amigos. Assim, quando os fiéis comiam à mesa do Deus de Israel, queriam exprimir a união de vida com Ele e com os outros participantes do banquete sacrifical (cf. Lv 7,11-21; 22,29-30). Tudo isto era preparação para a comunhão que o Senhor queria estabelecer conosco, uma comunhão inimaginável, estupenda: ele próprio daria seu Filho, morto e ressuscitado, pleno do Espírito Santo, como nosso alimento, como vida de nossa vida!

A Eucaristia, portanto, não somente é sacrifício, mas também banquete, aquele banquete tantas e tantas vezes anunciado pelos profetas! É importante insistir no significado do banquete: os convidados partilhavam a mesma vida (que vem do alimento e da bebida), por isso, participam da mesma alegria, da mesma intimidade, da mesma existência: na terra de Jesus só se convidava para um banquete os amigos! É por isso que o banquete é sinal de felicidade, de paz e de vida, porque é sinal de comunhão. Isso era ainda mais verdadeiro e forte no banquete dado pelo rei. Somente os altos dignitários participavam da mesa do rei. Assim, participar do banquete real era estar em comunhão com o rei, era ver a face do rei (que poucos viam no Oriente). Pois bem, tudo isso Deus nos concedeu na Eucaristia: “Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,55s).

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O Sacramento da Eucaristia – VII

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O Sacramento da Eucaristia – VII
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Já vimos vários aspectos do sacramento da Eucaristia. Há ainda muito para ser visto. É assim mesmo: quando o mistério é grande demais, nossas palavras e idéias tornam-se tão pobres para exprimi-lo!

No presente artigo, veremos que a Eucaristia é realmente o sacrifício de Cristo. Trata-se de uma convicção presente na fé da Igreja e, no entanto, foi infelizmente contestada pelos Reformadores protestantes. Vamos seguir o Catecismo da Igreja Católica.

Recordemos: Cristo instituiu a Eucaristia na véspera de seu sacrifício e num clima sacrifical: “É o meu corpo, entregue por vós; é o meu sangue por vós derramado!” Assim, na Eucaristia, é o próprio Cristo, na sua entrega, no seu sacrifício, que se oferece ao Pai por todos nós. Mas, como poder ser isso? A Carta aos Hebreus diz claramente que Jesus se ofereceu por nós uma vez por todas: “Cristo não precisa, como os sumos sacerdotes, oferecer sacrifícios a cada dia, primeiramente por seus pecados e depois pelos do povo. Ele já o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7,27). “Ele entrou uma vez por todas no Santuário, não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o próprio sangue, obtendo uma redenção eterna” (Hb 9,12). “Cristo (...) entrou no próprio céu, a fim de comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor. E não foi para oferecer-se a si mesmo muitas vezes, como o Sumo Sacerdote que entra no Santuário cada ano com sangue de outrem” (Hb 9,24s). “Cristo foi oferecido uma vez por todas para tirar os pecados da multidão” (Hb 9,28b). “Somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas. De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição, e para sempre, os que ele santifica” (Hb 10,10.14).

O Sacramento da Eucaristia – VI

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O Sacramento da Eucaristia – VI
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Veremos, agora, a estrutura da Eucaristia, isto é, como se organiza, como se desenvolve a Celebração eucarística.

Já vimos, num dos tópicos anteriores, São Justino descrevendo, no século II, a celebração. Os elementos básicos de então permanecem ainda hoje. Primeiramente, segundo antiga tradição, a missa divide-se em duas grandes partes: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística. Na primeira parte, a Palavra de Deus é proclamada e, na homilia, interpretada à luz do Cristo Jesus, de modo a iluminar a vida dos cristãos na sua situação concreta do dia-a-dia. Após a proclamação da Palavra, pelo Credo e a Oração dos fiéis, respondemos ao Deus que nos falou. Assim termina a primeira parte da missa, toda ela centrada no ambão (a estante donde se faz as leituras e a homilia) – é a Mesa da Palavra!

A segunda parte da missa é a mais importante: a Liturgia Eucarística, cujo centro é o altar, que simboliza o próprio Cristo Jesus, pedra angular da Igreja. Nesta parte da missa, a Igreja torna presentes os quatro gestos de Jesus: ele (1) tomou o pão, (2) deu graças, (3) partiu e (4) distribuiu... e mandou que fizéssemos isso em sua memória. Vejamos como estes quatro gestos se desenrolam na celebração.

O Sacramento da Eucaristia – V

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O Sacramento da Eucaristia – V
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Nos últimos dois tópicos, vimos textos da Escritura que tratam da Eucaristia. Agora, veremos alguns textos da Igreja antiga, que mostram bem o quanto a Comunidade cristã sempre celebrou e viveu o Sacramento do corpo e do sangue do Senhor.

Santo Inácio de Antioquia, mártir de Cristo, lá pelos anos 90 do século I da era cristã, aconselhava aos Efésios: “Procurai, pois, reunir-vos com mais freqüência, para dar a Deus a ação de graças (= Eucaristia) e louvor. Porque quando vos congregais com freqüência num mesmo lugar, quebram-se as forças de Satanás”. Para o santo bispo de Antioquia, a Eucaristia, único corpo do Senhor, é sacramento (= sinal eficaz) da unidade da Igreja. Aos filadélfios, ele exortava: “Esforçai-vos, portanto, para usar uma só Eucaristia, pois uma só é a carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um só é o cálice que nos une no seu sangue, um só altar, como um só Bispo junto com o presbitério e com os diáconos”. Sendo conduzido preso para Roma para ser jogado às feras por causa de Cristo, Santo Inácio assim escrevia aos romanos: “Não sinto prazer pela comida corruptível nem pelos deleites desta vida. Quero o pão de Deus, que é a carne de Jesus Cristo e por bebida, quero o sangue dele, o qual é a caridade incorruptível”.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

O Sacramento da Eucaristia – IV

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O Sacramento da Eucaristia – IV
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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No tópico passado, tivemos a oportunidade de constatar tantos textos do Novo Testamento que se referem á eucaristia. Queremos, também no presente tópico, continuar apresentando textos bíblicos que têm sabor eucarístico.

A Tradição dos Apóstolos nos diz que Cristo desejou celebrar sua Passagem deste mundo para o Pai numa Ceia eucarística em forma de banquete pascal: “Quando chegou a hora, ele se pôs à mesa com seus apóstolos e disse-lhes: ‘Desejei ardentemente comer está Páscoa convosco antes de sofrer’” (Lc 22,14s). Para os judeus, a ceia era um acontecimento solene, sinal de comunhão, convivência e intimidade. Somente os que “con-vivem” e são amigos podem participar juntos de uma mesma mesa: partilha a mesa quem partilha a vida! A ceia, na Bíblia, é também sinal de alegria, de bênção: nela jorra o vinho que alegra o coração do homem (cf. Sl 104,15; Lc 15,23s). A ceia é ainda sinal de poder: um rei mostrava seu poder e grandeza pela duração dos banquetes que patrocinava (cf. Est 1,5). Quantas vezes em tantos momentos importantes da Escritura, a ceia aparece e, com ela, o pão e o vinho! Recordemos alguns, mais significativos: “Ao voltar, depois da vitória contra Codorlaomor e os reis que com ele estavam, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de Save, que é o vale do rei. Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho e, como sacerdote de Deus Altíssimo, abençoou Abrão, dizendo: ‘Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos em tuas mãos’. E Abrão lhe deu o dízimo de tudo” (Gn 14,17-20). Outro texto é aquele de Ex 12,1-20, que nos apresenta o sacrifício e o banquete pascal. Um momento central na história de Israel! Um texto, também do Êxodo, ligado a este que citei, é 24,9-11: “Moisés subiu com Aarão, Nadab e Abiú e setenta anciãos de Israel, e eles viram o Deus de Israel. Debaixo dos pés havia uma espécie de pavimento de ladrilhos de safira, límpidos como o próprio céu. Ele não estendeu a mão contra os israelitas escolhidos; eles puderam contemplar a Deus e depois comeram e beberam”. Os líderes de Israel comeram na presença do Senhor: trata-se aqui de um sacrifício de comunhão, um sacrifício em forma de banquete! É como se Deus e o homem comessem à mesma mesa, participassem da mesma vida! Pensemos ainda no dom do maná (cf. Ex 16) ou no belíssimo texto da ceia da Sabedoria (e sabemos que a Sabedoria de Deus é Cristo Jesus – cf. Lc 7,35; 1Cor 1,24). Vamos ao texto sobre a Sabedoria: “A Sabedoria construiu sua casa, talhou suas sete colunas. Matou suas reses e misturou seu vinho e pôs a mesa. Enviou suas criadas para fazerem o convite, dos pontos mais altos da cidade: ‘Quem for simples venha a mim!’ Ao insensato ela diz: ‘Vinde comer do meu pão e beber do vinho que misturei. Deixai a insensatez e vivereis, segui o caminho da prudência!’” (Pr 9,1-6). Agora, voltemos ainda um pouco ao Novo Testamento: Jesus compara o Reino de Deus a um banquete (cf. Lc 25,6-8); por isso tantas vezes refere-se a banquete de núpcias (cf. Mt 22,1-14), banquete no qual ele mesmo nos servirá (cf. Lc 12,35-37) e do qual a humanidade toda haverá de participar um dia (cf. Lc 13,22-29). Segundo o Evangelho, é feliz quem tomar parte desse banquete (cf. Lc 14,15-24). Por isso mesmo, como já disse no tópico passado, Jesus começou seus sinais num banquete nupcial (cf. Jo 2,1-12) e termina, no apocalipse, batendo à nossa porta para cear conosco (cf. Ap 7,20).

Tudo isso são marcas da Eucaristia! Tudo isso conduz à Eucaristia! Ela é a ceia que nos torna presente o sacrifício de Cristo que se dá no pão e no vinho, ela é comunhão com o próprio Deus no seu filho Jesus, ela é antecipação do banquete do fim dos tempos, ela é já um gostinho do céu!

Vamos ainda continuar...

Fonte:
Dom Henrique Soares da Costa. O Sacramento da Eucaristia – IV. Disponível em < http://domhenrique.com.br/index.php/sacramentos/eucaristia/181-o-sacramento-da-eucaristia--iv> Desde 29 de Dezembro de 2008.

O Sacramento da Eucaristia – III

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O Sacramento da Eucaristia – III
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Já vimos, de modo geral, o que é a Eucaristia. Vimos também os vários nomes que são dados a este Sacramento e seus vários significados. Agora vejamos como ele está presente na Sagrada Escritura.

Já durante o seu ministério público, o Senhor Jesus foi dando indicações daquilo que depois seria este santo Sacramento. Vejamos algumas, mais significativas.

Primeiramente dois sinais particularmente importantes, realizados pelo Senhor: ele transformou água em vinho e multiplicou os pães. Mais ainda: várias vezes comparou o Reino de Deus a um banquete. Sobretudo em Jo 6,51ss, as palavras de Cristo são bem claras: “Eu sou o pão descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem em ao beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, pois minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é verdadeiramente bebida. Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que come de mim, viverá por mim”. O texto não permite pensar em metáforas; trata-se, ao invés, de algo real, concreto: o pão e o vinho eucarísticos são, realmente, o corpo e o sangue do Senhor. Por isso mesmo, os evangelhos, quando narram a multiplicação dos pães, usam sempre as mesmas palavras para indicar os gestos de Jesus na Última Ceia: ele tomou o pão, deu graças, partiu e distribuiu (cf. Mt 14,13-21; Lc 9,10-17; Jo 6,1-13; Mc 8,1-10). A Eucaristia, já preparada pelo Cristo, foi por ele instituída na Última Ceia: aí o Senhor deu à Igreja o mandamento do amor – ele mesmo, que nos amou até o extremo da cruze da sepultura e se colocou como modelo e medida do amor. E para deixar o sacramento, o penhor desse amor mais forte que a morte, instituiu a Eucaristia como memorial de sua morte e ressurreição, de sua entrega amorosa, pascal! Assim, no momento de fazer sua Passagem (= Páscoa) do mundo para o Pai através de sua entrega de amor na cruz, o Cristo Jesus deixou para a sua Igreja o sacramento de sua Páscoa de amor: o sacrifício eucarístico! Cumpriu-se, assim, a Páscoa dos judeus, que era memorial da passagem da escravidão de morte no Egito para uma libertação de vida na Terra Prometida. Jesus deu à Páscoa dos judeus seu significado definitivo: a nova Páscoa, Páscoa de Jesus, foi antecipada na Ceia, é continuamente celebrada na Eucaristia, que leva a cumprimento a Páscoa judaica e antecipa a Páscoa final da Igreja, quando passaremos deste mundo para o Pai com Jesus e por causa de Jesus.

O Sacramento da Eucaristia – II

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O Sacramento da Eucaristia – II
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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No tópico passado de nossa série sobre a Eucaristia, começamos a ver os vários nomes dados a esse Sacramento e seus significados respectivos. Continuemos ainda.

A Eucaristia é chamada também de “Memorial” da Paixão e Ressurreição do Senhor. Vale a pena compreender bem o sentido da palavra “memorial”. Ela não significa simplesmente recordação ou memória. Nas Escrituras, memorial é dito zikaron e significa tornar presente, por gestos, símbolos e palavras, um fato acontecido no passado uma vez por todas. Por exemplo: uma vez por ano, os judeus celebravam e celebram ainda hoje a Páscoa, memorial da saída do Egito. Pois bem, eles, nessa celebração, não somente recordam a passagem da escravidão para a liberdade, mas tinham e têm a consciência que, participando da celebração, participam realmente da própria libertação que Deus operara. Tanto isso é verdade que, ainda hoje, o pai de família judeu, aquele que preside à celebração, diz assim: “Em toda geração, cada um deve considerar-se como se tivesse pessoalmente saído do Egito, como está escrito: ‘Explicarás então a teu filho: isto é em memória do que o Senhor fez por mim, quando saí do Egito’. Portanto, é nosso dever agradecer, honrar e louvar, glorificar, celebrar, enaltecer, consagrar, exaltar e adorar a quem realizou todos esses milagres por nossos pais e para nós mesmos. Ele nos conduziu da escravidão à liberdade, do sofrimento à alegria, da desolação a dias festivos, da escuridão a uma grande claridade e do cativeiro à redenção”. E, depois, acrescenta: “Bendito sejas tu, Adonai, nosso Deus, rei do universo, que nos redimiste, libertaste nossos pais do Egito, e nos permitiste viver esta noite para participar do Cordeiro, do pão ázimo e das ervas amargas”. Ora, é exatamente isso que a Eucaristia é: memorial da Páscoa do Senhor Jesus. Quando nós a celebramos, torna-se presente no nosso hoje, na nossa vida, na nossa situação, tudo quanto Jesus fez por nós, que alcança seu cume na sua morte e ressurreição. Deste modo, a Páscoa do Senhor está sempre presente e atuante na nossa vida e, através de Jesus e com Jesus, podemos dizer ao Pai como os judeus dizem: “é nosso dever agradecer, honrar e louvar, glorificar, celebrar, enaltecer, consagrar, exaltar e adorar a ti, Adonai, Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo!” Então, assim sendo, não é uma idéia muito exata afirmar que a missa é a repetição ou a renovação do sacrifício de Cristo. Não se repete, porque ele foi oferecido uma vez por todas; não se renova, porque não ficou caduco, envelhecido. Em cada missa torna-se presente, atuante, o único sacrifício pascal do Senhor, memorial de sua encarnação, de sua vida humana, de sua paixão, morte e ressurreição, de sua ascensão ao Pai e do dom do Espírito que ele nos fez!

O Sacramento da Eucaristia – I

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O Sacramento da Eucaristia – I
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo de Palmares (PE).
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Vamos, agora, tratar de Eucaristia, o último dos sacramentos da iniciação cristã, o último dos sacramentos que nos inserem na vida do Cristo morto e ressuscitado, fazendo-nos plenamente cristãos. Trata-se do maior e mais sublime de todos os sacramentos, o Sacramento por excelência – o Santíssimo Sacramento!

Como falar deste sacramento é muito complexo, dada a riqueza e a pluralidade de facetas da Eucaristia, vamos seguir o esquema do Catecismo da Igreja Católica, comentando-o e aprofundando-o. E vamos iniciar precisamente citando Catecismo: O nosso Salvador instituiu na Última Ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue, para perpetuar no decorrer dos séculos, até ele voltar, o sacrifício da cruz, e para confiar, assim, à Igreja, sua amada esposa, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da glória futura” (n. 1323). Estas palavras resumem de modo admirável o sentido e a riqueza da Eucaristia. Já aqui é interessante observar algo muito importante: quando falamos em Eucaristia não estamos pensando primeiramente na hóstia e no vinho consagrados, mas sim na Celebração eucarística, isto é, na Missa, sacrifício eucarístico do Corpo e do Sangue do Senhor, para perpetuar no decorrer dos séculos, até que ele venha, o sacrifício da cruz! Então, a Eucaristia é a Missa! Mas, que significa “missa”? Onde, nas Escrituras Sagradas, se fala nela?